Publicação original Revista Metrópole
Do teatro ao Cinemaxs, o cinema conquistou a cidade
por Metropole Revista, em Radar Cultural
A magia da tela grande com suas fantasias envolventes, de
belas trilhas e interpretações inesquecíveis estão no cinema. A sétima arte,
que nos tempos atuais pode ser vista em vários formatos, ainda não encontrou
modo mais sublime para arrebatar pessoas senão contando histórias em salas de
projeções. Campo Mourão é uma das poucas cidades do seu porte – menos de 100
mil habitantes – onde essa nobre arte é exibida todos os dias, em duas sessões.
A única sala disponível é resultado da iniciativa de um
ex-dono de cinema em Cianorte, Hélio Carbol da Graça, que, convidado para fazer
sessões às segundas-feiras no Teatro Municipal, acabou encontrando parcerias e
amizades que o fizeram mudar definitivamente para Campo Mourão. “Eu conheci o
pessoal daqui quando era secretário de Cultura de Cianorte porque tinha um
cinema por lá. A pedido da direção do Teatro na época e da Secretaria de
Cultura de Campo Mourão, topei o desafio de vir exibir filmes uma vez por
semana. O objetivo era provar que a cidade comportava um cinema. E deu certo: ficamos
assim por quatro anos, sempre com sessões lotadas de até 500 pessoas”, conta
Hélio.
Apesar da insistência de alguns amigos para efetivar o
negócio na cidade, o empreendimento só se tornou realidade com apoio do
empresário Geraldo dos Santos, que vendia em sua panificadora os ingressos para
as sessões do Teatro. Ele adequou um prédio para Hélio, que inaugurou o Cinemaxs
em julho de 2004, quase 15 anos depois que o último cinema da cidade – Cine
Plaza – fechou, no início da década de 1990.
“Em 2005 mudei com a família e hoje todos trabalhamos na
Casa. Um dos fatores que pesou na decisão de estar em Campo Mourão foi a
acolhida recebida desde a época do Teatro.” Segundo o dono do Cinemaxs, o
público não perdeu o hábito de ir ao cinema desde a época que a opção era
o Teatro, e a cada sessão pelo menos 70
pessoas estão na sala. “Predomina o público jovem, que gosta do cinema como
lazer, mas temos muitos casais mais velhos, que não falham uma semana, não
importa o gênero exibido. O público de Campo Mourão é tranquilo e educado,
mesmo as crianças, alunos de escolas são comportados. Acho que o fato de termos
um Teatro na cidade e o acesso fácil aos produtos culturais educou as pessoas
para as sessões de cinema”, justifica.
Os filmes que chegam a Campo Mourão vêm de várias
distribuidoras e chegam logo após o lançamento, mas a cidade já teve sessões
com dias de lançamentos mundiais. “Ficamos no segundo escalão, negociando,
tentando trazer o melhor, quando conseguimos antecipamos as estréias”,
diz. Segundo Hélio, o público é fiel e
está sempre presente, mas filmes como “Homem Aranha”, “A Era do Gelo”,
“Crepúsculo” e lançamentos mundiais acabam sempre chamando mais a atenção,
especialmente dos adolescentes e crianças que são o maior chamariz para as
sessões e trazem com eles pais, mães, tios, avós e outros amigos. “As sessões
com desenhos são atualmente as mais cheias, estão virando programa de família,
o público está voltando ao cinema. Há um casal de Peabiru que semanalmente está
aqui, independente do que estiver sendo exibido”, complementa.
O cinema mantém projetos sociais para grupos de escolas e
instituições, com sessões fechadas em horários alternativos e ingressos
subsidiados. “Ainda conseguimos fazer os
ingressos mais baratos que os grandes centros, sendo a pipoca o carro chefe,
que mantém parte da magia das sessões”, se diverte Hélio.
O dono do cinema lembra que a cidade não comporta outra sala
e que, pelas estatísticas das distribuidoras, atualmente são apenas 2.500 as
salas no país e poucas em cidades com menos de 200 mil habitantes, como é o
caso de Campo Mourão. “Mas temos visto que, apesar das locadoras e da
pirataria, o cinema não perdeu o glamour e a magia: quem gosta vem sempre”,
afirma.
O empresário, que esteve por 12 anos com sala em Cianorte e
está há sete em Campo Mourão, diz que o cinema tem mesmo muita magia e que já
viu o público participar das histórias da tela enquanto fazia projeções. Como
quando em pleno filme “Pânico”, uma pessoa levantou no meio da sessão com
máscara, um fecho de luz e uma espada, espantando os outros; ou na exibição do
filme “Titanic” em um dia de chuva, quando entupiu a calha do prédio, a água
escorreu pela parede e uma criança preocupada fez questão de avisar que a água
do navio estava molhando o cinema.
O equipamento do Cinemaxs, um projetor de 35 milímetros,
apesar de ser igual a 90% dos que estão nas salas nacionais, em breve deverá
ser trocado por um digital, possivelmente em 2012. E seguindo a modernidade, ao contrário de outros
tempos, quando o carro de som anunciava as sessões, o público hoje pode saber o
que vai passar pelo Facebook e na Home Page da empresa: www.cinemaxs.com.br.
“Estamos nas redes sociais. Nosso Facebook tem muitos
acessos e na Home Page as pessoas mandam e-mail, votam o que querem ver e estão
interagindo, ajudando na melhorias dos serviços. Já a meia entrada beneficia
estudantes e outras instituições, incluindo doadores de sangue. Queremos todos
no cinema”, conclui Hélio.
Foto e texto reproduzidos do site: metropole.numerouno.com.br
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