Publicado pelo Jornal de Londrina, em 18/02/2014.
Salas com projeção de filmes em película estão com os dias
contados
Por Fábio Luporini
Não tem mais jeito. Logo o Cine Com-Tour/UEL (Av.
Tiradentes, 1241) vai “aposentar” o velho projetor em película 35mm para comprar
um que faça exibições digitais. O projetor é um dos dois que estão em
funcionamento desde a inauguração do Cine Ouro Verde, em dezembro de 1952. O
outro está desmontado e guardado no campus da Universidade Estadual de Londrina
(UEL). No incêndio do Ouro Verde, em fevereiro de 2012, ele estava alojado na
antiga sala de projeções e, embora não tenha sido totalmente destruído, ficou
bastante chamuscado.
“Chegou o ponto em que estou com cada vez menos opções de
filmes em película 35mm, o antigo celuloide. Se der para fechar 2014 só com
celuloide será um grande feito. O digital é irreversível. Será necessário
comprar um. A UEL já está informada dessa deficiência”, afirma Carlos Eduardo
Lourenço Jorge, diretor da Divisão de Cinema da Casa de Cultura, responsável
pela programação no cinema e colunista do JL. Apesar de o equipamento ser
suficiente para as exibições, até porque não é sobrecarregado – há apenas uma
sessão diária e duas durante o fim de semana –, as distribuidoras estão cada
vez mais distribuindo as cópias apenas em tecnologia digital.
"Chegou o ponto em que estou com cada vez menos opções
de filmes em película 35mm, o antigo celuloide. Se der para fechar 2014 só com
celuloide, será um grande feito. O digital é irreversível. Será necessário comprar
um [projetor]. A UEL já está informada dessa deficiência.". (Carlos Eduardo
Lourenço Jorge, chefe da Divisão de Cinema da Casa de Cultura da UEL).
Transição - Filme em 35mm tem suas vantagens O saudosismo
não é o único argumento a favor da película em 35mm. A diferença nas imagens
apontada por profissionais que trabalham na indústria do cinema também engrossa
o coro dos cinéfilos. “O digital tem uma limpeza visual de certa
artificialidade. Ele é claro demais. Há perda de tons, de brilho”, argumenta
Carlos Eduardo Lourenço Jorge. Ele se lembra da estreia de um filme de Steven
Spielberg em Cannes, ocasião em que houve alguns problemas e, por conta disso,
o próprio cineasta acompanhava a exibição diretamente da cabine de projeções.
Na última sexta-feira, a Paramount Pictures anunciou que vai continuar lançando
cópias em película 35mm e que não tem previsão de digitalizar totalmente os
títulos que distribui.
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Cópias
Essa situação obrigará o cinema a ter um projetor digital,
sob risco de faltarem cópias para exibição, como já ocorreu. “O projetor tem
quase 62 anos e dá conta do recado. Tem assistência técnica permanente, quando
a gente nota algum problema numa lâmpada, por exemplo”, diz Lourenço Jorge.
O filme Ninfomaníaca (2013) é um exemplo. “Eu teria exibido.
Aliás, o Com-Tour/UEL seria o lar do filme. É do nosso perfil. Outro filme
japonês, que eu vi em Cannes, só veio em cópia digital”, aponta.
A cada lançamento, a preocupação de ter ou não cópias em
35mm é um dos aspectos que devem ser levados em conta pelo Com-Tour/UEL, que
está fazendo um levantamento de preços de projetores digitais. Entretanto, há
vários tipos e modelos diferentes. Para Lourenço Jorge, basta um básico. “Um 2D
básico para podermos passar o digital.”
Treinamento
Em Londrina, o Cine Araújo, do Catuaí Shopping Center (Rod.
Celso Garcia Cid, km 377), mantém algumas projeções em película: todas as sete
salas tem o projetor 35mm. Todavia, duas têm o equipamento digital que permite
a exibição em 3D. Técnicos estão em treinamento, porque dentro de 60 dias os
antigos projetores serão trocados por equipamentos digitais, já comprados pela
rede. A atualização não será somente em Londrina.
O Lumiére, cinema do Royal Plaza Shopping (R. Mato Grosso,
310), tem cinco salas, das quais três possuem apenas projetores em película,
uma somente em digital e outra com os dois tipos de equipamentos. O Royal não
tem previsão para a digitalização completa.
Digital
A rede Cinemark, última a inaugurar salas de cinema em
Londrina, no Boulevard Londrina Shopping (Av. Theodoro Victorelli, 150), possui
projetores digitais em todas as sete salas. Não há nenhum equipamento em
película. Do total, quatro salas tem o projetor 3D, incluindo um com tecnologia
XD. As outras três salas são digitais em 2D. A unidade em Londrina é uma das 27
da rede que operam totalmente em digital no Brasil. Nesse primeiro semestre os
outros 40 cinemas serão completamente digitalizados.
No Cinesystem, do Londrina Norte Shopping (Av. Américo
Deolindo Garla, 224), também não há exibições em película 35mm. Todas as seis
salas são digitais, sendo três em 3D e duas em 2D.
Foto e texto reproduzidos do site: jornaldelondrina.com.br/cultura
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