Fotos: Hamilton Pavam.
Magia.
Publicado originalmente no site diarioweb.com.br, em 30 de Junho, 2013.
Muito além da sala de cinema
Por Raul Marques
Na hora marcada, as luzes se apagam. Som e imagem invadem a
sala de cinema e criam atmosfera que transporta o público para ambientes que
envolvem magia, aventura, romance ou drama. Tudo deve ocorrer de forma
programada e sincronizada. Pouca gente percebe, mas essa grande mágica, que
tanto encanta os apaixonados pela sétima arte, torna-se possível graças à
intervenção direta de um profissional: o operador cinematográfico. Sua presença
só é notada por quem está na frente da tela quando acontece ruído ou erro claro
no processo. Isso, no entanto, é raro.
A primeira missão do profissional que trabalha no Cinemais,
em Rio Preto, é “escalar” uma longa escada, com 45 graus, para chegar ao
secreto, escuro e extenso QG, onde fica o comando das sete salas. Cinco funcionam
em sistema que usa projetores para exibição de 35 milímetros e duas são
digitais (3D).
Por turno, dois operadores comandam a exibição de sete
longas metragens quase ao mesmo tempo. A diferença para apresentação de uma
película para outra é de apenas dez minutos. Assim, é necessário manter os
olhos na aparelhagem e no relógio. Por dia, são apresentados 27 filmes, cada um
com 1h30 de duração média.
De forma continuada, é verificado se está em ordem o
conjunto de equipamento que faz cada sala um lugar único para essa arte.
Imagem, som, iluminação e ar condicionado têm importância parecida e, com maior
ou menor papel, colaboram para o espetáculo. Antes da exibição, no entanto, um
longo caminho é percorrido. Os filmes de 35 milímetros são trazidos normalmente
de São Paulo por uma transportadora. Os rolos são entregues poucos dias antes
do filme entrar em cartaz. Chegam separados entre quatro e dez partes, depende
do tempo de duração.
Começa, então, o processo de montagem. A sequência
cinematográfica é colocada em ordem. Uma série de trailers é incluída. Essas
partes são coladas. As emendas não são percebidas pelo público. A parte técnica
também é ajustada. Quando tudo está pronto, o rolo é colocado em uma espécie de
aro gigante de bicicleta. Com tudo pronto, é hora de ligar a aparelhagem e
deixar a projeção tomar conta da tela. A lente do projetor é ajustada para a
imagem ocupar a tela por igual. No equipamento digital, tudo é mais rápido e
prático por um simples motivo: a montagem é feita no computador.
O filme de 35 milímetros exala poesia e tem som que remete
ao período clássico do cinema. Na sala, porém, ninguém escuta esse áudio, que
lembra uma bicicleta em alta velocidade. O outro som do lugar, só para constar,
nada vale. É o ar condicionado. Os operadores contam com uma janelinha em cada
sala para verificar se o som apresenta a qualidade adequada e o ar funciona
perfeitamente. Mas ela só pode ser aberta com parcimônia - para o ambiente do
QG não atrapalhar. Se algum casal se empolga e extrapola o limite do aceitável,
é acionada a fiscalização na porta da sala.
A fita usada nas emendas do rolo de filme pode esquentar e
romper. Muitas vezes, o problema é solucionado sem ninguém perceber. Aí, entra
em campo a experiência. O trabalho não acaba com o final do filme. É necessário
voltar o rolo para o início. O processo demora seis minutos. O silêncio dura
quase nada. Rapidamente, é necessário aprontar tudo para a próxima sessão. Até
o final do expediente, tem muita luz, equipamentos e ação para administrar.
Em 2015 todas serão digitais
A tendência é que até 2015 a maioria das salas de cinema do
Brasil substitua os projetores de 35 milímetros por modernos aparelhos
digitais. As principais vantagens: aumenta a qualidade da imagem e do próprio
som e não existe mais os pequenos filme e, portanto, é eliminado esse processo
de montagem.
É só colocar o arquivo na máquina e apertar o play. Outra
possibilidade que a modernidade vai oferecer é o recebimento de filmes por
satélite. A tecnologia já existe e é usada em Rio Preto. Uma importante partida
de futebol disputada na Europa foi transmitida em tempo real na sala de cinema
e chamou a atenção dos torcedores. Funciona assim: as informações são recebidas
por uma antena, que as repassa a um decodificador. Esse aparelho transforma os
dados em imagem 3D. É só ligar o projetor e iniciar a sessão.
Fotos e texto reproduzidos do site: diarioweb.com.br
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