Película 35mm.
Desde sempre conhecida como "filme", a película
35mm dá adeus.
Texto: Giselle Beiguelman
O filme inaugurou o tempo da arte industrial, globalizada.
Sua morte marca um novo momento da história das imagens
Nascida no fim do século 19, a película foi emblema do
arrojo de um novo tempo em que a arte ousava ser industrial, coletiva,
globalizada e feita para as multidões. Andrógina, multissexuada e hermafrodita,
a película foi desde sempre conhecida como filme.
Consolidação do encontro de avanços científicos com a
Revolução Industrial, foi, como todas as grandes invenções da época, filha de
muitos pais, mas acabou diretamente ligada àquele que melhor soube
instrumentalizá-la comercialmente, George Eastman, fundador da Kodak, empresa
que se confundiu com a história das imagens do século 20. Das linhas de
montagem da Kodak saíram também as primeiras câmeras digitais, paradoxalmente,
as traíras que levaram a empresa à falência e à morte de seu símbolo principal:
a película (foto e cinematográfica).
Até 2013, a película de 35 mm deve estar extinta nas salas
comerciais dos EUA. Hoje, 60% das salas da França, nação cinéfila por
excelência, são digitais. Dinamarca e Hong Kong já desterraram seus últimos
projetores analógicos. No mundo todo, as últimas salas comerciais com
projetores analógicos devem dar seu último suspiro até 2015. Mas isso está
longe de indicar a morte do cinema. Como escreveu o poeta Vinicius de Morais,
homenageando o mestre do cinema soviético Sergei Eisenstein:
O cinema é infinito – não se mede.
Não tem passado nem futuro.
Cada imagem só existe interligada
À que a antecedeu e à que a sucede.
O cinema é a presciente antevisão
Na sucessão de imagens. O cinema
É o que não se vê, é o que não é
Mas resulta: a indizível dimensão.
Texto e foto reproduzidos do site: select.art.br
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