Operador de filmagem Heleno Barbosa de Lima em outubro de 1985.
Foto: Arquivo/ Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho.
Armando Filho, um dos antigos funcionários do Cine Teatro Apollo.
Heleno Barbosa de Lima trabalhou como operador de filmagem
no Cine Teatro Apollo a partir da década de 60.
Marquinhos Cabral, atual administrador do Cine Teatro Apollo.
Fotos: Paula Cavalcante/G1.
Publicado originalmente no site G1 Caruaru, em 06/12/2014.
Conheça histórias de funcionários antigos do Cine Teatro
Apollo.
Espaço é o mais antigo do interior de PE e celebra
centenário neste sábado.
Um dos funcionários buscava os filmes e ingressos na capital
do estado.
Por Paula Cavalcante.
Do G1 Caruaru, em Palmares.
"Se tinha algo errado nas exibições, sobrava pra
mim" (risos). A fala é do aposentado Heleno Barbosa de Lima, 82 anos, que
trabalhava como operador de filmagem no Cine Teatro Apollo. Ele começou os
serviços no estabelecimento na década de 1960 e diz que, quando tinha algum
problema, as pessoas o xingavam. "Me chamavam de juiz de futebol",
brinca. Heleno conta que as máquinas antigas eram fáceis de manusear, embora
exigessem bastante atenção. "Tinha a prática de trabalhar, né?"
O idoso lembra-se ainda dos filmes mais procurados da época.
"Havia o de Tarzan, que eu gostava demais. Faroeste. Tinha os seriados que
passavam sexta e sábado. Cada um vinha com 15 capítulos, cada semana passavam
dois. Passava o filme e depois os seriados. Tinha uns filmes muito bons que
passava muito, como 'O Gordo e o Magro'. Tinha os espetáculos de teatro
também", recorda. Mesmo passando muito tempo no Cine Teatro, o antigo
operador de filmagem diz que não dava para assistir aos filmes por completo,
por conta da função que exercia.
Segundo ele, no início da década de 1980 os proprietários do
estabelecimento quiseram vender o imóvel. "Os donos chegaram a encontrar
comprador, para fazer do cinema um supermercado. Aí Portela, o prefeito da
época, disse: 'Não, para derrubar o Apollo não'. Ele pediu um tempo para se
organizar e comprou. Comprou e ficou para o município. E transformou em Casa de
Cultura". Para a atual geração, ele deixa uma mensagem: "Que não
deixe cair, continue. Aquilo ali é a história de Palmares".
Outro antigo funcionário conhecido na cidade é o aposentado
Sirleno Pereira Ramos, 77 anos. Por telefone, ele contou ao G1 que começou a
trabalhar em 1952, aos 15 anos, vendendo confeitos dentro do Cine Teatro
Apollo. "Depois, passei para os serviços gerais. Saí aos 18 anos para
servir ao Exército e voltei após 14 meses. Também trabalhei na bilheteria, como
porteiro, e até como operador de filmagem. Ali, foi a segunda casa. Tempo bom.
Vivia mais lá do que com a família".
Sirleno também buscava os rolos de filme em um tipo de
locadora no Recife. "Eu levava o filme da semana e ia buscar um novo. Ia
de ônibus e carregava na cabeça mesmo. Dependendo do filme, pesava de 50kg a
60kg. Na capital, eu pegava um táxi e ia até o lugar", destaca. Além das
duas horas ou três horas de projeção, o antigo funcionário também era quem
pegava o carvão vegetal para a máquina de projeção e o talão com mil ingressos.
Mensageiro.
Armando Filho, 46 anos, começou a trabalhar desde os 18 anos
como mensageiro do Cine Teatro Apollo, em 1986. Ele entregava convites,
cartazes e outros documentos relacionados ao espaço, e também exerceu a função
de bilheteiro. "O trabalho era de quinta à terça-feira à noite. Na
quarta-feira, a gente fechava e Sirleno ia buscar os materiais no Recife".
Segundo Armando, um momento que marcou foi a exibição do filme "Dio, Come
Ti Amo", dirigido por Miguel Iglesias. "Tinha muita gente para entrar
e só eu como bilheteiro para atender ao pessoal tudinho, né? Para vender o
ingresso e despachar, passar troco".
Atualmente, ele trabalha na Fundação Casa da Cultura Hermilo
Borba Filho e cuida do arcevo do histórico do município. De acordo com Armando,
muitos registros do Cine Teatro Apollo se perderam com as enchentes de 2000,
2010 e 2011. Ainda assim, é possível encontrar na fundação as fitas VHS que
eram exibidas na década de 1990 e uma das máquinas de projeção, além de
fotografias e documentos arquivados.
Atual administrador, Marquinhos Cabral conta um pouco sobre
como é serviço atualmente lá. "Eu trabalho tomando conta do teatro. Faço
toda a manutenção, cuido da parte técnica. Entrei em abril de 2013 para
manuntenção e fiquei aqui por dois motivos: pela importância que ele tem para
mim e para a minha cidade. E, depois, porque eu realmente sou apaixonado por
tudo isso". Realizado pelo trabalho, resume o significado do teatro em uma
simples frase: "o Teatro Cine Apollo é não somente o centro da Cultura,
mas o templo em si".
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/pe
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