Projecionista era funcionário da Fundação Cultural desde
1987 e era o profissional mais antigo da cidade na arte de projetar filmes.
Para o projecionista de cinema Cid Linhares, o segredo para
bem exercer seu ofício era, em primeiro lugar, gostar de cinema. Depois,
segundo ele, um bom projecionista precisava ter a consciência de que “acabaram
os sábados, domingos, feriados, dias santos e festas”.
“Tem um aniversário
marcado você não pode ir. Um casamento você não pode ir. Um operador de cinema
não pode falhar em seu compromisso que é exibir o filme no horário certo”,
disse Linhares para uma plateia de jovens operadores há cinco anos na
Cinemateca de Curitiba.
Cid Linhares foi enterrado nesta quarta-feira (3). após
dedicar 50 dos seus 64 anos de vida a profissão de projecionista de cinema. Em
sua carreira, atuou em quase todos os cinemas de rua da cidade. Era servidor da
Fundação Cultural de Curitiba e projecionista da Cinemateca desde o dia 5 de
outubro de 1987.
Numa entrevista à Gazeta do Povo publicada em 2012, Linhares
se orgulhava de nunca ter danificado um só rolo de filme. “Os filmes eram muito
fracos e pegavam fogo”. Segundo ele, o ritual da projeção era simples. “Cada
filme vem em cerca de cinco rolos de película fotográfica. É o operador que
monta e revisa todas as produções antes de colocar no projetor e passar para o
público”.
Por suas mãos passaram as projeções de clássicos do cinema,
como Ben-Hur, e sucessos de bilheteria, como Ghost. O primeiro é um de seus
filmes preferidos, junto com outros épicos, como Os Dez Mandamentos e O Rei dos
Reis. Já o blockbuster... “Foi um saco. Ghost ficou um ano e meio passando. Eu
não aguentava mais”.
Na época, ele também lamentava a lei a recém promulgada lei
antifumo que o privava de um dos companheiros de solidão da sala de projeções.
“Quem trabalha aqui é um solitário. Os melhores amigos do projecionista eram o
café e o cigarro”.
Como projecionista, Linhares rodou o Brasil e testemunhou a
transformação cultural no hábito de frequentar salas de cinema. “A coisa mais
gostosa do meu tempo de cinema era ver a pessoa ter reação, sentir o cheiro de
cinema. Hoje não existe mais. Está se perdendo a essência”, diz...
Texto reproduzido do site: gazetadopovo.com.br
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