Carlos Eduardo, o Duda, e o novo projetor: cineclube de volta à ativa.
Foto: Weber Sian/A Cidade.
Publicado originalmente no site A Cidade.on, em 10/1/2016.
De volta para o futuro
Único cinema com projeção de película na cidade, Cauim
adquire equipamento digital para exibição
Por Regis Martins
O Cineclube Cauim volta às origens, mas de olho no futuro.
Para exibir novamente os filmes de arte que fizeram a fama do espaço em 36 anos
de atividades, o Cauim se viu obrigado a comprar um caríssimo projetor digital.
Antes, o cinema dispunha – com orgulho – apenas de um raro projetor de filmes
em película (leia mais abaixo). O novíssimo equipamento chegou semana passada
ao cineclube.
“Conseguimos comprá-lo graças a um financiamento que fizemos
por meio da Ancine [Agência Nacional de Cinema] com parcelas a perder de
vista”, informa o presidente do Cauim, Fernando Kaxassa – que ressalta: o preço
de um projetor digital para um cinema com as mesmas dimensões do cineclube
chega a R$ 400 mil.
Kaxassa diz que o investimento foi necessário por um simples
motivo: os filmes de película praticamente desapareceram do mercado. “Não tem
mais jeito, os laboratórios não fabricam mais. A gente não conseguia mais os
filmes”, comenta.
Para inaugurar essa nova fase, o cineclube colocou em cartaz
o elogiado “Chico – Artista Brasileiro”, documentário sobre o compositor e
escritor Chico Buarque que causa comoção por onde passa.
“Estamos retomando os filmes de arte e, quando vi o documentário
do Chico, achei demais. Tive que trazê-lo pra cá”, conta Kaxassa.
Sessões noturnas
O cineclube que fica no Centro de Ribeirão Preto dará espaço
aos filmes “cult” nas sessões noturnas a partir das 20h, sempre de quinta-feira
a domingo. No resto da semana, em vários horários, serão exibidos filmes do
circuito comercial – como “Transilvânia 2”, já em cartaz. No período diurno, o
Cauim também dá continuidade a projetos socioculturais de formação de público,
como “A Escola vai ao Cinema”.
Para os outros horários, Kaxassa pretende criar novos
projetos que incentivem o público a assistir a trabalhos autorais de cineastas
brasileiros e também estrangeiros.
“As sessões de filme de arte pararam por falta de público.
Muita gente deixou de vir ao Cauim pela insegurança no Centro. Mas, esse ano,
vamos ter convênios com estacionamentos e manter um segurança na rua”, diz
Kaxassa, que quer deixar 2015 para trás, quando o cinema quase fechou. “Foi o
pior ano da minha vida”, garante.
‘Sou o último operador’, diz Duda
Mesmo com o novo equipamento, o Cauim continua com o bom e
velho projetor de película. Os dois agora dividem espaço na cabine de projeção
do cinema. Algo que o operador Carlos Eduardo da Silva, o Duda, já previa desde
o ano passado. Em reportagem publicada em outubro de 2015 pelo A Cidade, Duda
disse que o projetor digital iria exibir os filmes comerciais e o analógico, os
clássicos no Cauim.
“Claro que agora vamos ter que garimpar os filmes, mas a
película nunca vai morrer, assim como o vinil”, diz.
Longe de ser um purista, Duda afirma que a qualidade da
imagem e do som no Cauim melhoraram muito com o novo equipamento. Ele só
lamenta que a tecnologia digital tenha tirado o emprego de muito gente. “Ainda
bem que estou numa empresa que valoriza o profissional. Sou o último operador
cinematográfico de Ribeirão Preto”, lembra.
Texto e imagem reproduzidos do site: acidadeon.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário