O audiovisual com a cara de Brasília
Por Júnior Meirelles
Histórias de quem dirige, produz e exibe o amor pelo cinema
na capital federal
Reportagem: Andreza Lorrane, Júnior Meirelles e Priscila
Ferreira
Desde o início, a capital federal foi pensada
estrategicamente para se tornar o centro do país, geografica e economicamente.
O quadradinho trouxe junto com o projeto de JK um emaranhado de histórias para
construir uma nova, o que envolveu também a cultura e as diferentes
manifestações artísticas, como música, arte, cinema e audiovisual.
E por falar em cinema e audiovisual, vale lembrar que a
cidade já nasceu com um todinho só para ela, o Cine Brasília, que hoje é palco
de um dos mais prestigiados festivais de cinema do país, o Festival de Brasília
do Cinema Brasileiro. Além disso a cidade também foi a primeira a lançar o
curso de educação superior de audiovisual e cinema do país.
Encontramos artistas que dizem que Brasília é um poço de
criatividade aberto, quem se dedica à cultura aqui não troca a cidade por
nenhuma outra, pois assunto é o que não falta. Assim, também aconteceu com o
documentarista e cineasta Vladimir Carvalho, que está na cidade há mais de 50
anos e transformou muita coisa que viu e viveu em filme, além de ser dono de um
acervo que registra muito desta história.
“Eu sou colecionador compulsivo e guardo as coisas. Como
estou em Brasília há meio século, guardei muito equipamento, recortes de
jornal, arquivos fotográficos de filmes, etc. Não tinha como eu preservar isso
no espaço de um apartamento, então me mudei para uma casa na W3 Sul e coloquei
o nome dessa instalação de ‘Fundação Cinememória’”, explica Vladimir.
Vladimir Carvalho: cineasta que construiu sua história junto
com a cidade
Vladimir Carvalho tem 85 anos e é um ícone do cinema
brasileiro e, principalmente, do cinema brasiliense, pois contribui até hoje para
a história e construção do recente mercado audiovisual de Brasília, que nasceu
junto com a cidade e completou 60 anos no último 21 de abril. Além de cineasta,
é também professor da Universidade de Brasília (UnB) e ajudou a formar outros
profissionais da área.
Natural de Itabaiana, cidade do interior da Paraíba,
Vladimir conta saudosamente como o seu amor por cinema começou. “Sou filho de
um homem que era cinéfilo inveterado, então a família já vivenciava isso na
década de 1930. Com 5, 6 anos de idade eu já frequentava o cinema por conta
dele que gostava muito (…) e o cinema formou gerações e gerações, ele tem mais
de 130 anos de existência, ou seja, tem uma longa carreira do próprio cinema
que construiu uma mentalidade no mundo inteiro, tanto de espectadores quanto de
pessoas que passaram a ver no cinema uma possibilidade de expressão, que foi o
meu caso”, lembra o cineasta.
Ele se mudou para Brasília em 1969 a convite de Fernando
Duarte, para fazer parte de um projeto na UnB e criar um núcleo cinematográfico
do Centro-Oeste. O projeto duraria mais ou menos dois meses, porém os dois
meses viraram 51 anos, após se tornar professor do primeiro curso superior de
cinema, quando ele resolveu ficar. “Foi uma grande lição de vida, conhecimento
e aprimoramento das minhas experiências anteriores (no Rio de Janeiro e
Bahia)”, afirma Vladimir.
O cineasta contribuiu com filmes documentais importantes do
cinema brasileiro, como Barra 68, Conterrâneos Velhos de Guerra e País de São
Saruê. Este último passou anos sob a censura da ditadura e ganhou o Prêmio
Especial do Júri do Festival de Brasília (1979). Sobre as premiações, ele
explica: “Nós, que estamos na atividade, ao participarmos de festivais e
premiações, geralmente corremos o risco de ser premiado”, brinca.
O legado e a história cinematográfica que ele carrega em si
é um verdadeiro incentivo à arte do cinema e do audiovisual de Brasília.
Vladimir se considera candango, assim ele afirma em entrevista concedida ao
jornalista Daniel Zukko ao canal Minha Brasília, a qual podem conferir no vídeo
a seguir...
Texto e imagem reproduzidos do site: medium.com
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