quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Cinema à moda antiga

Archimedes Lombardi, mentor do Cineclube Ipiranga. (Foto: Nabor Jr. -- Flickr)

Cinema à moda antiga
Por Júlio Simões *

É noite e a porta de vidro que dá acesso à uma sacada está aberta, mostrando a luz de um trem que faz barulho no horizonte. Venta, e o vento levanta a cortina, lambendo os objetos situados em um criado-mudo ao lado da porta. O interior do quarto ao qual pertence a porta de vidro também sente sua presença leve, assim como o restante da mobília e um papel com os recados anotados pela mulher para o marido, que se ausentou sem dar explicação. O silêncio do vento só é interrompido pelo som da campainha da casa. A mulher, uma inválida que permanece a maior parte do dia sentada na cama, se assusta e coloca rapidamente um lenço na boca, como se tentasse conter o grito de horror. O desespero se justifica porque ela havia acabado de ouvir dois homens planejarem pelo telefone a execução de um crime para aquela noite, perto dali.

A campainha segue tocando. Uma, duas, três vezes. A casa está vazia, e o centro da sala de entrada, iluminado apenas pelos feixes de luz incidentes da área externa, indica isso. As enormes escadas em círculo, também mal iluminadas, formam um caracol que liga a sala de entrada aos quartos, onde está a única habitante da casa no momento.

Com a campainha tocando cada vez mais forte, ela decide deixar a cama e caminha com dificuldade (sua invalidez está nas pernas), se equilibrando na mobília até chegar à porta do quarto. “Quem é? Quem é? Espere um minuto, eu estou indo! Você pode me ouvir? Estou sozinha aqui!”, grita ela, enquanto caminha com dificuldades. “Quem é, pelo amor de Deus, quem é? Eu não posso ir até aí embaixo. Eu estou no último andar, e eu estou doente”, completa, aumentando a aflição na voz.

De repente, sem qualquer motivo aparente, a campainha cessa. A mulher diminui os gritos, mas segue falando sozinha, desta vez como se tivesse certeza de que algo está acontecendo. “Oh, espere um minuto, não vá embora. Preciso de ajuda. Por favor. Por favor, não vá. Não pode me ouvir? Não pode me ouvir?”, prossegue o apelo, sem sucesso.

Alguns segundos depois, o silêncio volta a dominar completamente o ambiente. Pelo menos até o primeiro toque do telefone, que faz a mulher voltar às atenções novamente para dentro do quarto. O rosto permanece assustado, o som da música de suspense sobe. Até que...

Em um movimento brusco, porém silencioso, o velho pula de uma das poltronas azuis e, ainda no escuro, alcança as cortinas pretas e a porta fechada. Ultrapassa o obstáculo num instante e logo aperta o passo até o pequeno cubículo de dois metros quadrados, cujo acesso é por uma meia-porta e uma escadinha tortuosa. Lá dentro, em segundos, sobe em um pequeno banco de madeira e puxa com força um rolo do tamanho de uma pizza, trocando-o por outro aparentemente idêntico.

Na platéia, a meia-dúzia de presentes permanece estática, em silêncio, como se estivesse em pause. A luz da sala segue apagada e apenas uma ou outra sombra é vista pela fresta da cortina e da porta entreaberta. A cena, do suspense “Uma Vida Por Um Fio”, de 1948, certamente prendeu a atenção dos espectadores. Pelo menos enquanto o primeiro rolo de 16 mm estava rodando no velho projetor Kodak Pageant 120M, “provavelmente de 1965”, como arrisca Archimedes, o responsável pela exibição naquela noite.

É ele, um senhor alto, com poucos e desarrumados cabelos brancos, nariz bastante rechonchudo, olhos pequenos e uma imponente barriga que estica as camisas sociais claras ao limite, quem cuida dos filmes exibidos ali. Bem-humorado, daqueles que perde o amigo, mas não desperdiça a piada, Archimedes Lombardi é o senhor do Cineclube Ipiranga, que há 17 anos resiste no bairro, grande parte deste tempo na Biblioteca Roberto Santos, onde até hoje funciona todo santo sábado.

A saga do colecionador, porém, começa muito antes do intervalo entre a primeira e segunda parte do filme. Ainda durante a tarde, Archimedes separa alguns rolos e duas caixas pretas com as alças já surradas em um canto de seu bagunçado escritório, localizado no coração do bairro do Ipiranga, em São Paulo. Às cinco e meia, recolhe todo este material e o coloca no porta-malas de um velho Fiat Uno Mille branco, que quase sempre precisa de uma ajuda para ligar. Porém, nada que o faça chegar com menos de uma hora de antecedência no compromisso marcado religiosamente para as 19 horas.

Archimedes quase sempre viaja sozinho, mas vez ou outra tem a companhia do discípulo Vinícius ou de algum convidado especial para a sessão. Na chegada à biblioteca, relembra em voz alta a rotina: “E lá vamos nós novamente. Já se vão 17 anos...”, resmunga, como se comentasse consigo mesmo, enquanto carrega com dificuldade os materiais para a exibição. Este jeito saudosista de comemorar a chegada ao destino, porém, não carrega qualquer sentimento ruim ou de obrigação, como pode parecer. Pelo contrário. O prazer de Archimedes é exibir seus filmes antigos para quem quiser ver.

Tanto que costuma pedir sugestões aos próprios espectadores antes de levar uma lista de possibilidades à Secretaria da Cultura, que fica responsável por programar os filmes do mês. Muito destes já fazem parte da própria coleção do cinéfilo, mas outros tantos são cedidos pelo discípulo Vinícius ou por outros colecionadores da rede de amigos, a “Associação Brasileira de Colecionadores de Filmes 16 mm” (ABCF), fundada em 1992.

A bitola, criada em 1923, foi bastante utilizada por amadores até o começo dos anos 1990, mas acabou perdendo espaço para o VHS, que era mais prático, popular e de fácil conservação. Hoje, em tempos de DVDs e Blu-rays, o 16 mm é um artigo raro fadado à extinção.

A própria coleção de Archimedes foi diminuindo ao longo dos anos. No auge, o cinéfilo chegou a ter aproximadamente 800 filmes empilhados em casa, 10 vezes mais do que a quantidade que acumula atualmente. Além da degradação de muitos rolos, que facilmente se deterioram devido à dificuldade de conservação e a baixa qualidade do material (a simples umidade do ar pode comprometer a integridade deles), a decisão de se desfazer de grande parte da coleção também teve um lado filosófico.

“Tem gente por aí que não empresta e nem exibe, gosta apenas de dizer que tem 500 filmes na coleção. Mas adianta alguma coisa ter um monte de rolo empilhado, sem qualquer utilidade?”, questiona Archimedes, antes de admitir outro “inimigo” de suas fitas. “E também minha mulher reclamava muito. Ela odeia cinema”, conta, sem esclarecer se a posição da esposa foi determinante ou não na decisão de se desfazer da coleção.

O fato é que boa parte de seus rolos acabaram sendo vendidos à Vinícius, colecionador mais jovem do que ele e, segundo o próprio Archimedes, com maior vontade e competência para preservar os filmes. “Ele é muito mais organizado do que eu. Além de conservar melhor os rolos, tem todos cadastrados no computador, tudo organizadinho”, explica o velho, revelando as práticas do amigo, que acredita ter aproximadamente 700 filmes, quase todos catalogados.

A amizade entre os dois e o conseqüente envolvimento do discípulo com as sessões de sábado começou quando Vinícius descobriu que era mais interessante colecionar rolos de 16 mm do que Super-8 ou VHS. “Eu nunca imaginei que existissem tantos filmes antigos e completos disponíveis. Em Super-8 eram apenas trechos curtos, um resumo do filme em 20 minutos. Um saco de assistir”, conta o jovem de apenas 34 anos, aproximadamente 10 dedicados a coleção.

Desde então, Vinícius começou a juntar filmes e mais filmes, até que um dia sua busca por novos títulos esbarrou em Archimedes. “Nós dois queríamos uma fita italiana que eu acabei comprando. Não me lembro qual era o nome dela, só sei que eu acabei emprestando para ele e depois troquei por duas preto e branco, já que aquela valia mais por ser colorida e legendada. No final, acabou voltando tudo para mim quando eu comprei quase todos os filmes que ele tinha”, sorri.

Apesar da afinidade, Vinícius Del Fiol é, em muitos aspectos, diferente de Archimedes. Franzino e baixo, sempre mantêm os cabelos negros minuciosamente arrumados e o tom de voz bastante calmo, características que denunciam seu jeito metódico e introspectivo. É do tipo de colecionador que prefere acumular títulos, daqueles que exibe apenas para dar “ritmo de jogo” ao filme, evitando que o rolo se deteriore rapidamente.

No entanto, quando está responsável pela sessão do dia, o cinéfilo se mostra bastante dedicado na função, mesmo que ela só renda R$ 100 por exibição, valor que pouco ajuda na compra de novos filmes e nos custos de manutenção das máquinas. Para se ter uma idéia, os rolos custam de R$ 100 a R$200, enquanto o conserto pode chegar até a R$ 400, preço de um novo projetor.

Ainda assim, Vinícius vê alguma vantagem em deixar sua casa em Santo Amaro para exibir filmes no Ipiranga. “Eu faço disso aqui o meu momento de lazer. Durante a semana é impossível tirar a máquina do guarda-roupa para projetar. Por isso é que eu digo que isso é uma obrigação que se torna lazer”, arremata Vinícius, que atua como professor universitário do curso de Publicidade na Faculdade Anhembi-Morumbi. “Embora agora tenha o lado financeiro, já que somos fomentados pela Secretaria da Cultura, isso aqui é apenas uma brincadeira. O meu trabalho de verdade é a faculdade”.

Por isso mesmo, Vinicius não vê o que faz todo sábado como um ato de resistência. “Vejo como uma brincadeira mesmo. É aquela coisa: a hora que enjoar e der na telha isso aqui acaba. Só acho que seria interessante tentar atrair outro público, mais jovem do que esse. Falta sermos mais conhecidos, embora seja complicado para qualquer programa cultural de São Paulo concorrer com a divulgação que acontece aí fora. É engraçado porque geralmente a pessoa vem e diz ‘puxa, que legal, não sabia que isso existia’”, divaga.

A necessidade de renovação levantada por Vinícius se justifica pelo fato de a maioria do público já ter mais de 60 anos de idade. O grupo cativo é formado por aposentados e moradores da região, embora haja exemplos de gente que atravessa a cidade apenas para assistir aos filmes antigos exibidos por Archimedes e Vinícius. É o caso de José Maria Passalaqua, que mesmo aos 71 anos ainda tem fôlego para deixar sua casa na região central e partir rumo ao Ipiranga todo sábado.

Disposto e falante, Zé Maria é daqueles que não mede esforços para assistir um filme. Freqüenta tanto o Centro Cultural São Paulo e a Cinemateca, localizados em regiões mais centrais, quanto cinemas distantes, como o do Shopping Metrô Itaquera, na Zona Leste. Em poucos minutos de conversa, é possível concluir que aquele senhor de aparência frágil, rosto fino, bochechas levemente flácidas e olhar caído é um cinéfilo compulsivo. Pelas suas próprias contas, assiste a mais de 10 filmes por semana, de todos os gêneros possíveis e nas mais variadas salas. Reluta em listar seus gêneros preferidos, mas admite que detesta documentários por serem “chatos demais”.

Outra figurinha carimbada do cineclube é Cândido Martinez. Embora tenha origem espanhola e seja natural do interior de São Paulo, o senhor de 77 anos e pouco mais de 1,60m de altura poderia facilmente ser confundido com um típico italiano, dada a baixa estatura, o bigode ralo, o forte sotaque paulistano e a presença constante de uma boina encobrindo seus fios completamente brancos.

Por ser morador do Ipiranga há muitos anos, Cândido também acompanhou o auge e decadência dos cinemas do bairro. Entre as décadas de 1950 e 1980, funcionaram na região salas importantes como Sammarone, Maracanã e Anchieta. O primeiro ficou aberto até 1969, enquanto o segundo esteve em atividade até meados da década de 1970. Já o terceiro resistiu até 1982, quando fechou as portas e deixou bairro conhecido como cenário do grito da independência de Dom Pedro I sem qualquer cinema.

Quem também freqüentava as enormes salas de cinema do bairro e agora não perde uma exibição de Archimedes e Vinícius é Maria Mendes Martins Centoamore, de 71 anos. Apesar do jeito acanhado, a senhorinha de ombros curvos, cabelos longos sempre presos e roupas tão comportadas como as de uma beata admite a preferência por filmes românticos e musicais, especialmente os do ídolo Elvis Presley.

O músico norte-americano, que atuou em mais de 30 filmes, também já foi tema de algumas sessões no cineclube. Para atrair o público, Archimedes divulgou a programação especial aos freqüentadores por carta, e-mail e telefone, além de ter convidado imitadores do cantor para se apresentarem antes da sessão e assistirem ao filme, em um evento que lotou a biblioteca de fãs de Elvis, inclusive dona Maria.

Outro evento que agitou o cineclube foi a exibição de episódios do seriado “O Vigilante Rodoviário”, popular nos anos 1960, que contou com a presença do ator Carlos Miranda e do diretor Ary Fernandes. Até hoje, Archimedes mantém no escritório, entre pilhas de papel da gráfica da qual é dono e onde se ocupa durante a semana, uma foto tirada com o Inspetor Carlos, que compareceu caracterizado com o vistoso uniforme bege da Polícia Rodoviária. Sucesso de público.

Quem também já visitou o Cineclube Ipiranga foi Anselmo Duarte, diretor do único filme brasileiro vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o clássico “O Pagador de Promessas”, de 1962. Archimedes lembra que a presença do ator, diretor e roteirista surpreendeu aos espectadores e até a si mesmo. “Eu mandei um e-mail para ele falando sobre a exibição do filme, mas não tinha ideia de que ele poderia aparecer. No fim, ele acabou vindo, assistiu ao filme, deu autógrafo, foi atencioso”, relembra o cinéfilo, contando orgulhoso dos “feitos” alcançados.

Em 17 anos de cineclube, muitas outras sessões especiais foram programadas e encheram a pequena sala de projeção da biblioteca (que atualmente comporta 101 pessoas), assim como o arejado salão de entrada, onde os freqüentadores costumam se reunir para conversar antes do início da sessão. É comum ouvir discussões acaloradas que vão de opiniões sobre o filme programado para o dia até perguntas complexas que desafiam o cérebro de qualquer cinéfilo, quase sempre ao estilo “qual era mesmo aquele filme lá com aquele ator?”.

Mesmo que a presença do público não seja equivalente a de um cinema comum, as sessões comandadas por Archimedes e Vinícius costumam registrar números muito melhores do que as outras realizadas pela Secretaria da Cultura na própria biblioteca. A exibição de “Uma Vida Por Um Fio”, por exemplo, contou com 18 pessoas na platéia, número um pouco abaixo do comum, mas ainda assim muito maior do que o único herói registrado algumas horas antes, na exibição do documentário “Rolling Stones - Gimme Shelter”. Sim, apenas um espectador acompanhou o filme sobre a banda naquela tarde.

Por tudo isso é que Archimedes não mede esforços para levar adiante o compromisso. Quando começou, o cinéfilo tinha mais de 800 fitas, morava num sobrado pequeno que hoje pertence a filha e sofria muito de rinite. “Olhei para tudo aquilo e pensei: ‘isso é muita coisa só para mim, isso é loucura’. Foi aí que dei a ideia para o Leão [Antônio Leão da Silva Neto, pesquisador de cinema] de montarmos um esquema para exibir nossos filmes”, conta.

O ano era 1992 e o bairro já sofria há 10 sem uma sala de cinema sequer. Com o apoio de Leão e alguns outros amigos, Archimedes descobriu que o salão da biblioteca, na época chamada de Genésio de Almeida Moura, estava disponível. “Tinha quatro dedos de poeira, baratas, ratos, enfim, isso aqui estava completamente abandonado”, lembra o cinéfilo, que pediu a limpeza da sala e, como primeira ação, promoveu uma mostra de filmes, que também incluía a exposição de quadros e alguns eventos musicais.

Com o sucesso da iniciativa, acabou sendo convidado a usar o espaço para exibir seus filmes semanalmente. Ficou por lá até 2004, quando deixou a biblioteca para realizar a Sessão Cineclube no Sesc Ipiranga, que oferecia melhor infra-estrutura. Em meados de 2007, a sessão foi cortada da programação e só voltou no ano seguinte, já novamente na biblioteca onde tudo havia começado. Hoje, 17 anos depois, Archimedes mantém o cineclube e até cuida de uma nova programação, a Sessão Nostalgia, que acontece sempre às quartas-feiras e exibe filmes clássicos em DVD.

Já sobre o futuro, seja seu, da coleção ou até do cineclube, Archimedes se mostra passivo e até um pouco conformado. “O dia em que eu fritar...”, inicia Archimedes, antes de ser interrompido pelo repórter, que não entende a metáfora. “O dia em que eu morrer, ‘fritar’, sabe?”, esclarece em seguida, com um tom natural demais para quem está comentando o próprio fim.

“Quando isso acontecer, eu já disse para a minha filha que ela tem que pegar todas as coisas e ver o que ainda tem valor no mercado. Aí, como ela conhece um pouco disso, falei para ela reunir aquele pessoal que gosta e “quebrar” [dividir] tudo para fazer dinheiro. Se quiser guardar uma máquina ou um rolo de filme para mostrar que um dia isso tudo existiu, tudo bem”, prevê Archimedes, que silencia após a frase. Segundos depois, decreta: “Agora, se deixar na mão da minha mulher, ela vai jogar tudo isso no lixo”, complementa o cinéfilo de 67 anos, agora já em tom menos sério e confessional, provocando risos.

A seriedade só retorna quando o assunto é novamente o cineclube. “O Vinícius pode até tocar isso aqui lá para frente, mas o problema é que ele não é do bairro e precisa vir de longe para exibir. Eu já conheço muita gente, inclusive dos jornais onde eu sempre divulgo as sessões. Para ele, ficaria mais difícil tocar essa parte...”

“Posso interromper para guardar a máquina?”, pede Archimedes, já se levantando da cadeira e seguindo para o cubículo onde o aguarda o velho Kodak Pageant. A segunda parte do filme já havia acabado há algum tempo e nenhum outro espectador permanecia na biblioteca àquela hora. A conversa animada com o repórter havia quebrado a rotina do cinéfilo, que quase sempre recolhe os materiais e segue para casa, embora algumas vezes prolongue as discussões sobre cinema com algum amigo na pizzaria mais próxima.

Enquanto desmonta a máquina, com movimentos rápidos que exigem força e experiência adquirida nos anos que observou o trabalho de amigos no Cine Anchieta, Archimedes se abre. “Sabe... Eu ainda não desisti porque tem muito filminho que a gente tem e que não saiu em DVD. Só que o projetor de 16 mm você precisa ficar atento com as trepidações, com possíveis problemas, enquanto com o DVD é só por o disquinho lá e o filme já está na tela”, compara.

“Por isso eu digo que já estou meio cansado...”, admite, enquanto se prepara para carregar o material trazido para a sessão. Apesar da dificuldade, Archimedes nega ajuda e leva sozinho o pesado projetor em uma das mãos e dois rolos de filmes embaixo do braço. Alguns metros depois, troca as últimas palavras com o porteiro e o repórter, entra no carro que novamente custa a ligar e, antes de se perder no horizonte de ruas altas e baixas do bairro do Ipiranga, se despede: “Até sábado que vem”.

*Reportagem produzida no segundo semestre de 2009 durante o curso de pós-graduação em Jornalismo Literário na ABJL. Foi publicada na Revista Up! #19, em outubro do mesmo ano.

Texto e imagem reproduzidos do site: chamaojulio.com

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