segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O cinéfilo das Alagoas


Fotos reproduzidas do site: alagoas24horas



Texto publicado originalmente no blog do Majella, em 03 de maio de 2011

O cinéfilo das Alagoas
Por Geraldo de Majella

Elinaldo Soares Barros [1947], crítico de cinema, cinéfilo, jornalista e professor de educação artística, nasceu em Maceió, dois dias antes do natal de 1947, no dia 23 de dezembro, filho do casal José Soares Filho e Elita Soares Barros. Estudou no Colégio Estadual e na Universidade Federal de Alagoas, onde iniciou as suas atividades político-culturais, sendo eleito segundo secretário do Centro Acadêmico do Instituto de Letras e Artes (ILA), na gestão de Élcio Verçosa, no biênio 1968/69.
Licenciado em Letras pela Ufal em 1970, trabalhou como professor do Colégio Guido de Fontgalland e a partir de 1974 no Curso de Educação Artística do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac).

A segunda metade da década de 1960 foi o período em que a ditadura militar recrudesceu e a censura às manifestações artísticas e políticas atingiu o seu ápice. Nesse momento difícil, um grupo de jovens cinéfilos organiza o Cinema de Artes em Maceió, tendo à frente Radjalma Cavalcanti, Gildo Marçal Brandão e Imanoel Caldas.

Todos esses jovens tinham em comum o gosto pelo cinema e pelas artes, alguns também pela política. Nem todos eram vinculados à política, mas ao movimento estudantil e suas vertentes.
Elinaldo, estudante de Letras e já cinéfilo, frequentava desde a infância os cinema de bairro, que existiam naquela época: o cine Lux, na Ponta Grossa, o Ideal, na Levada, e o Royal, no centro. Integrou essa turma de difusores da sétima arte em Maceió.

O jornalismo na década de 1960 em Alagoas ainda tinha um aspecto romântico e boêmio. Nem todas as seções do jornal eram profissionalizadas; o caderno de cultura era uma dessas áreas do jornalismo que necessitavam de colaboradores, e foi a partir da critica de cinema e até mesmo das crônicas esportivas que intelectuais e jovens universitários passaram a colaborar mais assiduamente.

Os primeiros trabalhos publicados de sua autoria foram crônicas esportivas no Diário de Alagoas. Com o fim desse jornal, passou a escrever criticas de cinema no Jornal de Alagoas, que na naquela época era o mais antigo jornal do Estado, órgão de comunicação impressa onde mais publicou, inclusive assinando uma coluna chamada “Cinema”.

Colaborou ainda em outros jornais diários e semanais como: Gazeta de Alagoas, Tribuna de Alagoas, O Jornal e O Diário. Escreveu em 1985, para o jornal do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Voz da Unidade, o artigo “Uma Visão Histórica do Cinema de Alagoas”. Ainda escreveu nos jornais e revistas que foram surgindo e logo em seguida despareciam, em alguns casos sendo obrigados a fechar por força da pressão econômica. Foi o caso da revista Última Palavra. Versátil, também colaborou com o jornal semanal da arquidiocese de Maceió, O Semeador.

A longeva atividade de critico de cinema, toda ela exercida como colaborador nos jornais e nas televisões de Alagoas, o coloca na condição do mais influente intelectual nessa área. Formou várias gerações de professores, jornalistas e de espectadores.

Foi comentarista de cinema na Tv Gazeta, afiliada da Rede Globo. Atualmente é comentarista da Tv Pajuçara, afiliada da Rede Record em Alagoas. Em companhia do médico e acadêmico Ismar Gatto e de Maria Flora de Melo Soares, sua esposa, produziu um programa que marcou época no rádio alagoano: “Difusão Cultural”, veiculado pela Radio Educativa FM.

Na década de 1970 o Diretório Central dos Estudantes da Ufal organizou alguns Festivais Estudantis de Música Popular. Imediatamente foi convocado pelas lideranças estudantis para colaborar.

Na condição de funcionário da Secretaria de Cultura participou da organização de outros eventos importantes, como o Festival de Fotografia, o Salão de Humor, o Festival de Verão de Marechal Deodoro e vários Seminários de Literatura. Ainda foi diretor, por dois anos, do Museu da Imagem e do Som (Misa).

O maior e mais significativo momento do cinema alagoano ocorreu entre 1975 e 1982, período em que foi criado o Festival do Cinema Brasileiro de Penedo (AL), um evento de excepcional importância para os cineastas locais e também para a produção nacional, com sede na cidade barroca ribeirinha de Alagoas. Os festivais atraíram público, cineastas e produtores de várias partes do país e passou a ser uma das referências do cinema nacional. Em todos os festivais de cinema trabalhou na organização, pois na época era funcionário do Departamento de Assuntos Culturais (DAC) da Secretaria de Educação do Estado de Alagoas.

É crítico de cinema em Alagoas desde 1969. São 42 anos de atividades ininterruptas. Em 2010, foi relançado em segunda edição o livro Panorama do Cinema Alagoano, sob o patrocínio do Cesmac.

Obras de Elinaldo Barros: Panorama do Cinema Alagoano, apresentação de Jorge Barbosa, capa e montagem fotográfica de Esdras Gomes, Maceió, DAC/Senec/Sergasa, 1983; Cine Lux: Recordações de um Cinema de Bairro, Maceió, Edicult/Secult, 1987 (prêmio da AAL em 1988); Rogato: a Aventura do Sonho das Imagens em Alagoas, com uma Apresentação Quase Desnecessária, de José Maria Tenório Rocha, Maceió, Secult [1994]; O Povo Diante das Lentes, in Arte Popular de Alagoas, de Tânia Pedrosa, p. 105.

Texto reproduzido do blog: majellablog.blogspot.com

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