"Ver bem um filme significaria revê-lo algumas
vezes"
Em entrevista, Régis Frota, jurista e presidente da Academia
Cearense de Cinema, conta mais sobre sua paixão pela cinematografia e destaca
nomes que o inspiram
Por Sonia Pinheiro (csonia@uol.com.br)
Presidente da recém-criada Academia Cearense de Cinema (ACC)
– sonho que acariciava há muito tempo - o professor de Direito e escritor Régis
Frota é, desde adolescente, um lover da chamada sétima arte. E sua lista de
filmes preferidos é algo de bastante clássica e icônica, juntando os mais
variados títulos internacionais: desde Os Ladrões de Bicicleta, de Vitorio de
Sicca, ao nacionalíssimo Deus e O Diabo na Terra do Sol. Idem a relação de
atrizes, como Ingrid Bergman, Claudia Cardinale, Sofia Loren e a brasileira
Fernanda Montenegro, e de atores tipo Jean Paul Belmondo e Othon Bastos. No rol
de diretores, elege de Elia Kazan a Polanski, Buñuel, Saura e Godard, passando
por Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos.
Você, que é advogado, professor universitário e escritor, como se descobriu um cinéfilo?
Descobri-me um cinéfilo desde muito cedo. Na verdade, ainda
no Seminário da Prainha. Aos 15 anos, fui apresentado, em 1965, ao então
presidente do CCF [Clube de Cinema de Fortaleza], sr. Darcy Costa, o qual
passou a nos emprestar os extraordinários filmes que o CCF obtinha das
embaixadas estrangeiras (França, Canadá, Holanda etc), trazidos do Rio de
Janeiro – os exibíamos e debatíamos após as projeções. Foi uma escola.
Posteriormente, já com o jornalista Antônio Frota Neto na presidência daquela
entidade, secretariamos e ampliamos a cinefilia e o cineclubismo, jamais
abandonados.
Régis Frota é, desde adolescente, um lover da chamada sétima arte. E sua lista de filmes preferidos é algo de bastante clássica e icônica.
Como surgiu a ideia da criação da Academia Cearense de Cinema e quais os seus propósitos?
A ideia de criação de uma Academia Cearense de Cinema
acompanhava-me há muito e, somente neste ano em curso, nós a viabilizamos por
meio da aprovação de seu estatuto. O documento estabelece como objetivo da
entidade congregar cineastas, estudiosos de cinema, cinéfilos etc para
preservação da memória da cinematografia mundial e cearense, estímulo à
produção, divulgação e exibição do cinema de arte em terras alencarinas, em
continuidade a todos os esforços de realização de cinema no Ceará, desde os
anos 1940.
Quais os grandes filmes nacionais e internacionais de todos os tempos?
São muitos os grandes filmes internacionais e nacionais, de
todos os tempos, a meu juízo. Ciclos cinematográficos como o Neorealismo
italiano (1940/1960), a Nouvelle Vague Francesa (1954/1969), o Cinema Novo
brasileiro (1959/1970), a nova Hollywood (1969/1978) produziram grandes filmes
como Os Ladrões de Bicicleta (1948, Vitorio de Sicca), Paisá (1942, Rober-to
Rossellini), A Estrada da Vida (1954, Federico Fellini), O Acossado (1960, Jean
Luc Godard), Hiroshima, Meu Amor (1959, Alain Resnais), Terra em Transe (1964)
e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1965), ambos Glauber Rocha, Sem Destino
(1969, Dennis Hopper) e O Poderoso Chefão I e II (1972/74, Francis Ford
Copolla). As razões porque admiro tais películas referem-se à importância e ao
papel que desempenham na história do cinema da segunda metade do século XX.
Quais os atores e as atrizes que mais o marcaram, ontem e hoje?
As atrizes e os atores que mais me marcaram até o presente
foram Ingrid Bergman e Kim Novak, de Hollywood; Claudia Cardinale e Sofia
Loren, do cinema italiano; Jeanne Moreau e Jean Paul Belmondo, do cinema
francês; e Fernanda Montenegro e Othon Bastos, do cinema brasileiro.
"Não gostaria de ser um cineasta profissional porquanto se cuida de uma atividade muito estafante. Prefiro contribuir com minha atividade teórica e de magistério."
E os diretores?
Já os diretores são numerosos: Ingmar Bergman e Carl
Theodore Dreyer, no cinema eslavo; Fellini e Antonioni, no cinema italiano;
François Truffaut e Jean-Luc Godard, na França; Glauber Rocha e Nelson Pereira
dos Santos, no Brasil; Elia Kazan, Francis Ford Coppola e Steven Spielberg, nos
EUA; Luis Buñuel e Carlos Saura, na Espanha; Sergei Mikhailovich Eisenstein e
Pudovkin, na Rússia; Polanski e Krzysztof Kieslowski, na Polônia, e muitos
outros, naturalmente.
Fala-se que o nosso dear Lúcio Brasileiro assistiu centenas de vezes ao Casablanca. Há algum filme que o inspire tanto assim?
Acredito que ver bem um filme significaria revê-lo algumas
vezes, na medida em que, a cada revisão, acrescentam-se detalhes não percebidos
na visão ou projeção anterior. Contudo, não identifico algum filme específico
que me tenha inspirado tanto quanto Casablanca ao Lúcio Brasileiro.
Gostaria de ser um cineasta?
Não. Não gostaria de ser um cineasta profissional porquanto
se cuida de uma atividade muito estafante e um tanto incerta, sobretudo no
Brasil. Prefiro contribuir com minha atividade teórica e de magistério.
Texto e imagem reproduzidos do site: 20.opovo.com.br
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