Foto: Rafaela Dione.
Publicado originalmente no "Blog do Primeiro Texto", em 24 de Maio de 2014.
"Seu Clóvis", de Faxineiro à Projecionista
Por Rafaela Dione.
Operador cinematográfico. Essa é a profissão de Clovis
Ferreira da Silva, mais conhecido como “seu” Clovis, pelos cinéfilos do Cine
Arte Posto 4 onde trabalha há 22 anos, desde a sua fundação em novembro de 1991
quando eram ele e mais 11 funcionários. Hoje, ele foi o único que restou. “Seu”
Clovis acompanhou o projeto do Cine Arte Posto 4 desde o seu inicio, quando foi
convidado pela então prefeita de Santos, Telma de Souza. Pernambucano, mostrou
interesse por filmes desde pequeno, quando ia ao cinema na matinê de domingo e
depois contava o filme para sua mãe, que adorava escutar as histórias contadas
pelo filho. “Eu passava para ela como eu tinha entendido, e uma vez ela falou
para mim. Toda semana vou te dar dinheiro para você ir ao cinema. Os outros
não, por que os outros chegam e não falam”.
Quando veio para Santos, aos 24 anos, começou como faxineiro
no extinto Cine Itajubá, no José Menino, e depois o responsável pelas cabines
perguntou se ele gostaria de aprender a ser operador. Ele disse que sim. De lá
ele foi para o Cine Caiçara, no Boqueirão, onde ficou de operador por dois anos
e em seguida para o Cine Atlântico, no Gonzaga, onde permaneceu por oito anos
saindo apenas quando o cinema fechou para abrir uma loja de conveniência. Ele
permaneceu trabalhando por mais dois anos cobrindo folga de outros projetistas
e foi quando a prefeita da época o chamou para trabalhar no Cine Arte Posto 4
onde acompanhou a sua montagem de perto. Diz que foi natural para ele começar a
trabalhar com cinema.
Ele descreve o Cine Arte Posto 4 como sendo a sua segunda
casa. Fala com carinho do primeiro filme exibido no local, Asas do Desejo, do
diretor Wim Wenders, e conta que não tem um filme favorito, já que foram tantos
filmes bons que, segundo ele, passaram no Cine Arte. “Quando a gente faz o que
gosta, acho que nem precisa muito dinheiro” – declara. Atualmente ele está
ensinando a profissão à um jovem de 21 anos.
“É uma experiência muito grande, estou aprendendo muito”,
declara Felipe Barreto Santos, e que conta que se inspira no seu mentor e
deseja seguir o mesmo caminho. Frequentador do Cine Arte Posto 4, Maurício
Ramos Antoniette Moura, descreve Clovis como sendo “espetacular” e que atende
com muita simpatia a todos. Enquanto aguarda a aposentadoria, Clovis continua
fazendo do cinema sua forma de ver o mundo pelas lentes da câmera do Cine Arte
Posto 4.
Texto e imagem reproduzidos do blog: primeirotextounisanta.wordpress.com
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