O projecionista Jesse LoCascio inspeciona uma impressão
fotoquímica no
Jacob Burns Film Center em Westchester, Nova Iorque. (Fonte:
Yahoo Finance)
A licença de operador cinematográfico de Lou Rivierzo.
Fonte: Cortesia de Joe Rivierzo
Fonte: Cortesia de Joe Rivierzo
Publicado originalmente no site Yahoo Finanças, em 13 de setembro de 2019
Projecionistas estão desaparecendo na era do cinema digital
“Meu pai costumava dizer que nós poderíamos cumprir pena por
uma ofensa criminal, porque a sala de projeção era parecida com uma cela
prisional”, disse ao Yahoo Finance Joe Rivierzo, da terceira geração de
projecionistas da sua família.
Rivierzo passou o início da sua carreira projetando filmes
nas telas do cinema. Ele e seus colegas projecionistas tinham o trabalho de
assegurar que o filme corresse suavemente na sala minúscula localizada atrás
das fileiras de assentos vermelhos cheios de espectadores comendo pipoca.
“Se tudo corresse bem, você não precisava descer para nada”,
acrescentou ele.
O trabalho é tão discreto que, uma vez, Rivierzo foi
esquecido dentro da cabine de projeção quando o cinema inteiro foi evacuado
devido a uma ameaça de bomba.
“Você precisava ter um certo perfil”, diz Rivierzo,
referindo-se à natureza solitária da profissão. “Nós éramos os últimos a tocar
no filme depois de todo aquele talento ter sido reunido. O pessoal da luz, do
som, atores, roteiristas... para que eu pudesse arruinar um blockbuster ou um
clássico”.
Joe Rivierzo, do Sindicato de Projecionistas Local 306 em
Nova Iorque.
Fonte: Yahoo Finance
“Meu avô operava o projetor o dia inteiro”
Rivierzo – que aprendeu o trabalho com seu pai, Lou, que
também aprendeu com seu pai, Dominick – viu o cinema crescer diante de seus
olhos cobertos pelas lentes de seus óculos. Imigrante italiano, o avô de
Rivierzo operava um projetor – acompanhado por um piano, porque os filmes com
som ainda não existiam – em um cinema de Vaudeville, em Nova Iorque.
“Os pianistas mudavam duas vezes por dia, mas meu avô
operava o projetor o dia inteiro. Embora fossem engrenagens em sincronia, ele
era mais lento do que o pianista. Então, meu pai trazia o jantar do meu avô e à
noite, após a escola, e ajudava a ajustar o ritmo”, conta.
Rivierzo conhece bem a história da profissão de operador do
projetor de cinema, e vivenciou esta forma de arte conforme a sua carreira se
desenvolveu. Agora, depois de mais de três décadas, ele testemunha a queda do
projetor e do projecionista com a chegada das mídias digitais.
“A transição para o digital: foi aí que a minha carreira na
cabine de projeção praticamente chegou ao seu fim, depois de 37 anos”, diz.
“Alguém está naquela cabine agora. São rapazes mais novos trabalhando em
computadores e programando a exibição de uma semana inteira de filmes”.
Richard Peña — Professor de Estudos Cinematográficos da
Universidade de Columbia.
Fonte: Yahoo Finance
Os especialistas não estão surpresos com o que está
acontecendo.
“As formas e os estilos de arte vêm e vão”, disse ao Yahoo
Finance Richard Peña, professor de estudos cinematográficos da Universidade de
Columbia. Peña também atuou como diretor do Festival de Cinema de Nova Iorque
de 1988 a 2012, e viu a revolução digital chegar ao cinema em primeira mão.
“Às vezes eu uso o exemplo do blues. Morei em Chicago por
oito anos e sempre fui fã de blues, e me tornei ainda mais fã enquanto estava
lá. O que eu quero dizer é: alguém realmente acha que o blues ainda é uma arte
viva?”
E acrescentou: “Todas as forças da história estão seguindo
na direção digital, e eu não acho que elas vão voltar atrás”.
“Ele era muito rápido”
Lou Rivierzo trabalhando como projecionista.
Fonte: Cortesia de Joe Rivierzo
Fonte: Cortesia de Joe Rivierzo
Texto e imagens reproduzidos do site: br.financas.yahoo.com
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