terça-feira, 11 de agosto de 2020

Ivã Barbosa relembra o clássico 'Cinema Paradiso', de Giuseppe Tornatore


Publicado originalmente no site GRANDE CAMPINA, em 21 de abril de 2013

Sétima Arte | Ivã Barbosa Luciano relembra o clássico 'Cinema Paradiso', de Giuseppe Tornatore

A invenção dos irmãos Lumière encanta e leva brilho aos olhos dos espectadores. Leva sonho, comoção, envolvimento e algumas vezes até a esperança de uma vida como aquela... Tudo isso vindo do brilho de uma tela em uma sala escura. Sim, o cinema. A sétima arte! Aquela que fascina dos menores pimpolhos aos mais sábios e experientes.

Nada melhor que 'Cinema Paradiso' para ratificar todo esse sentimento pelas películas de 35 ou 16 mm. O filme em questão é uma verdadeira declaração de amor à sétima arte. Produzido na Itália, em 1988, dirigido por Giuseppe Tornatore e com uma trilha sonora assinada pelo célebre Ennio Morricone, 'Nuovo Cinema Paradiso' (título original) foi o ganhador do Oscar e do Globo de Ouro de 1990 na categoria “melhor filme estrangeiro”.

O filme tem um enredo simples: após 30 anos sem retornar a sua cidade natal, Salvatore recebe a notícia que o seu melhor amigo Alfredo (Philippe Noiret) falecera. A expressão que toma conta do rosto de Salvatore é um reflexo muito claro da tristeza que se abate sobre ele. As lembranças passam a contar a história do longa.

Totó (como era conhecido Salvatore quando pequeno) vivia com sua mãe e sua irmã na pacata cidade de Giancaldo, na Itália, no período pós-segunda Guerra Mundial, a espera do seu pai (combatente na Rússia). Totó era coroinha da Paróquia do Padre Adelfio, que além das atividades clericais também respondia como o “censurador” das cenas que julgava impróprias para a exibição no único cinema da cidade – o Cinema Paradiso -, ponto de encontro de todas as pessoas que buscavam o lazer. O papel social do cinema é bastante abordado pelo filme que faz questão de mostrar a não distinção do seu público (acessível a crianças ou adultos, analfabetos ou não) e também mostra com maestria a reação e envolvimento da plateia que assiste ao filme.

Alfredo, o projecionista, leva uma vida solitária dentro da sala de projeção do cinema em uma época em que os filmes eram reproduzidos ainda por força da manivela, Totó, um garoto esperto, aproveitava o tempo livre para viajar no mundo do cinema e também criar o seu mundo a partir dos recortes das películas que eram descartados. A paixão do garoto pelo cinema motiva a amizade entre ele e Alfredo, que se firma de tal forma que um influencia o outro nos seus desejos: Totó ajuda Alfredo a entrar na escola em troca dos ensinamentos do velho amigo sobre como rodar um filme.

Após uma tragédia no Cinema Paradiso, Alfredo perde a visão e Totó assume a sua função após a inauguração do agora 'Nuovo Cinema Paradiso' (reconstruído por um morador que ganha na loteria). Já adolescente, Salvatore se apaixona por Elena, uma estudante recém-chegada na cidade, a quem promete esperar o tempo que for necessário; desapontado, o jovem Totó, ouvindo os conselhos de Alfredo, abandona a cidade e vira diretor de cinema em Roma. Salvatore, após longo período distante de Giancaldo, retorna para o funeral daquele que nunca deixou de ser o seu melhor amigo, mesmo distante e sem notícias.

O final do filme é bastante comovente... Um típico drama italiano baseado no movimento neo-realista pós-segunda Guerra Mundial. Recentemente o filme 'A Invenção de Hugo Cabret' também trabalhou o conteúdo do cinema de forma esplêndida, porém mesmo com um orçamento muito maior, este, em minha opinião, ainda não chega à altura do belíssimo clássico do cinema italiano 'Cinema Paradiso'.

Texto e imagem reproduzidos do site: grandecampina.com.br

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