Publicado originalmente no site GRANDE CAMPINA, em 21 de
abril de 2013
Sétima Arte | Ivã Barbosa Luciano relembra o clássico 'Cinema Paradiso', de Giuseppe Tornatore
A invenção dos irmãos Lumière encanta e leva brilho aos
olhos dos espectadores. Leva sonho, comoção, envolvimento e algumas vezes até a
esperança de uma vida como aquela... Tudo isso vindo do brilho de uma tela em
uma sala escura. Sim, o cinema. A sétima arte! Aquela que fascina dos menores
pimpolhos aos mais sábios e experientes.
Nada melhor que 'Cinema Paradiso' para ratificar todo esse
sentimento pelas películas de 35 ou 16 mm. O filme em questão é uma verdadeira
declaração de amor à sétima arte. Produzido na Itália, em 1988, dirigido por
Giuseppe Tornatore e com uma trilha sonora assinada pelo célebre Ennio
Morricone, 'Nuovo Cinema Paradiso' (título original) foi o ganhador do Oscar e
do Globo de Ouro de 1990 na categoria “melhor filme estrangeiro”.
O filme tem um enredo simples: após 30 anos sem retornar a
sua cidade natal, Salvatore recebe a notícia que o seu melhor amigo Alfredo
(Philippe Noiret) falecera. A expressão que toma conta do rosto de Salvatore é
um reflexo muito claro da tristeza que se abate sobre ele. As lembranças passam
a contar a história do longa.
Totó (como era conhecido Salvatore quando pequeno) vivia com
sua mãe e sua irmã na pacata cidade de Giancaldo, na Itália, no período
pós-segunda Guerra Mundial, a espera do seu pai (combatente na Rússia). Totó
era coroinha da Paróquia do Padre Adelfio, que além das atividades clericais
também respondia como o “censurador” das cenas que julgava impróprias para a
exibição no único cinema da cidade – o Cinema Paradiso -, ponto de encontro de
todas as pessoas que buscavam o lazer. O papel social do cinema é bastante
abordado pelo filme que faz questão de mostrar a não distinção do seu público
(acessível a crianças ou adultos, analfabetos ou não) e também mostra com
maestria a reação e envolvimento da plateia que assiste ao filme.
Alfredo, o projecionista, leva uma vida solitária dentro da
sala de projeção do cinema em uma época em que os filmes eram reproduzidos
ainda por força da manivela, Totó, um garoto esperto, aproveitava o tempo livre
para viajar no mundo do cinema e também criar o seu mundo a partir dos recortes
das películas que eram descartados. A paixão do garoto pelo cinema motiva a
amizade entre ele e Alfredo, que se firma de tal forma que um influencia o
outro nos seus desejos: Totó ajuda Alfredo a entrar na escola em troca dos
ensinamentos do velho amigo sobre como rodar um filme.
Após uma tragédia no Cinema Paradiso, Alfredo perde a visão
e Totó assume a sua função após a inauguração do agora 'Nuovo Cinema Paradiso'
(reconstruído por um morador que ganha na loteria). Já adolescente, Salvatore
se apaixona por Elena, uma estudante recém-chegada na cidade, a quem promete
esperar o tempo que for necessário; desapontado, o jovem Totó, ouvindo os
conselhos de Alfredo, abandona a cidade e vira diretor de cinema em Roma.
Salvatore, após longo período distante de Giancaldo, retorna para o funeral
daquele que nunca deixou de ser o seu melhor amigo, mesmo distante e sem
notícias.
O final do filme é bastante comovente... Um típico drama
italiano baseado no movimento neo-realista pós-segunda Guerra Mundial.
Recentemente o filme 'A Invenção de Hugo Cabret' também trabalhou o conteúdo do
cinema de forma esplêndida, porém mesmo com um orçamento muito maior, este, em
minha opinião, ainda não chega à altura do belíssimo clássico do cinema
italiano 'Cinema Paradiso'.
Texto e imagem reproduzidos do site: grandecampina.com.br
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