Henrique de Oliveira Junior nasceu no dia 13 de setembro de
1920 em Valinhos, mas sempre comemorou seu aniversário no dia 10: uma vida de
paixão pelo cinema. (Foto: Leandro Ferreira /AAN)
Publicado originalmente no site do CORREIO
Vida centenária que vale um filme
Fundador do MIS de Campinas, o cineasta Henrique de Oliveira
Junior completou 100 anos neste mês
Neste mês, o cineasta Henrique de Oliveira Junior completou 100 anos de idade. A maior parte deles dedicada ao cinema, arte que o encantou desde os primeiros anos de vida. Com dezenas de filmes no currículo, entre curtas e longas, esse senhor centenário é premiado nacional e internacionalmente. É o fundador do Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas e tem o seu nome marcado na cultura do País.
Ele nasceu em Valinhos, no dia 13 de setembro de 1920, mas
de acordo com sua filha Mariangela Oliveira, ele sempre comemorou no dia 10.
Aos cinco anos de idade, se mudou com a família para Campinas — cidade grande —
em busca de uma vida melhor. Desde muito pequeno, passou a frequentar o Cine
Coliseu, que ficava no Largo Carlos Gomes. Ali já nascia a paixão que o acompanharia
por toda a vida.
Em vez de assistir aos filmes, sua atenção se voltava para a
cabine, onde ficava flertando com os projetores. Com apenas oito anos, já
ganhou uma máquina fotográfica de um dos irmãos. Ainda não sabia, mas aquele
presente mudaria sua vida. Autodidata, aprendeu a fotografar e a revelar os
filmes. Isso reforçou ainda mais o seu apreço pela imagem.
Ousado, com 14 anos, depois de muito insistir com o gerente
do cinema, conseguiu uma oportunidade para aprender a trabalhar na cabine de projeção.
Em 1939, ele já exibia filmes em Sousas, atendendo a pedido de um padre que
tinha um projetor. Lá, formou o Cine Santo Antônio, que tinha 200 lugares e
funcionava três vezes por semana. O local é onde hoje está a Sociedade Italiana
Lavoro e Progresso.
Entre 1938 e 1942, construiu um projeto de 35mm, com cerca
de 900 peças. Ele também construiu, em um ano, um projeto de 16mm que está no
MIS. Em 1952, filmou em Valinhos o filme Lição Merecida, depois Um Pedreiro, O
Artista, entre outros. Realizou mais de 80 filmes em toda a carreira.
Ganhou dezenas de prêmios no Brasil e no exterior.
Participou ativamente dos ciclos de cinema das décadas de 1950, 1960 e 1970.
Paralelamente às filmagens, trabalhava como servidor da Prefeitura de Campinas,
na Secretaria de Educação e Cultura, como fotógrafo. Filmou a derrubada das
casas da Avenida Moraes Sales para o Grupo de Desapropriação. Também foi
fundamental para que a Prefeitura comprasse o Cine Casablanca e o transformasse
no Teatro Castro Mendes.
Ainda na década de 1950, foi o responsável por fazer a
recuperação do filme João da Mata, de Amilar Alves, de 1923. Fez um trabalho
primoroso. O filme foi exibido no Teatro Municipal para mais de 2 mil pessoas.
Depois foi incorporado ao acervo da cinemateca, mas foi danificado em um
incêndio naquela unidade.
O centenário sempre esteve completamente ligado à cultura.
Junto a um grupo de entusiastas, realizou por 10 anos o Festival Nacional de
Filme Super 8, no Centro de Ciências Letras e Artes (CCLA). Eram cerca de 280 a
300 filmes por ano. A última edição aconteceu em 1983.
A biografia de Henrique é muito rica. Uma reportagem é
pouco. Não por acaso, ele ganhou um documentário em 2010, com o nome Memórias
em Celuloide, com direção, produção e roteiro de Marcos Craveiro. O documentário
passeia pela história desse centenário, com entrevistas, depoimentos e
fotografias dos filmes. O documentário pode ser acessado no link
www.youtube.com/watch?v=KlOxSi9u9MQ. Ele termina dizendo: "Minha paixão
sempre foi, é e será sempre o cinema".
OMuseu da Imagem e do Som de Campinas, criado em 1975,
carrega a missão de preservar e reunir amemória audiovisual da cidade e sua
região
Ainda existe cineclube no Centro
Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas foi idealizado a
partir de um grupo de fotógrafos, cineastas e cineclubistas da região,
liderados por Henrique de Oliveira Júnior e Dayz Peixoto Fonseca. Nasceu pela
Lei Municipal 4.576/1975 de 30 de dezembro de 1975, que dentre outras
iniciativas criou a Secretaria Municipal de Cultura. Nasceu com a missão de
preservar e reunir, sistematicamente, a memória audiovisual de Campinas e
região, cujas peças vinham sendo guardadas de maneira isolada, em outros museus
da cidade, e em outras instituições públicas municipais ou mesmo integrando
coleções particulares.
Hoje, o MIS agrega funções educativas e de lazer cultural,
sendo ponto de debates e palestras, além de ser o último cineclube no centro de
Campinas depois do fechamento do Cine Paradiso, que funcionou entre 1983 e
2009, famoso na região por exibir filmes do circuito alternativo. Atualmente, o
MIS funciona no Palácio dos Azulejos, patrimônio tombado por órgãos nacional,
estadual e municipal. Henrique de Oliveira Junior foi o primeiro presidente, de
1975 a 1979.
Texto e imagem reproduzidos do site: correio.rac.com.br
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