Legenda da foto: Projetor e operador do Cine Teatro Éden
Publicado originalmente no site CAJAZEIRAS DE AMOR, em 3 de dezembro de 2011
Antigas Salas Alternativas de Cinema em Cajazeiras
Por: Cleudimar Ferreira (cleudimar.f.l@gmail.com)
Assim como toda cidade do interior, Cajazeiras teve também o seu Cinema Paradiso que oferecia uma programação alternativa em consonância com as dos cinemas comerciais, ou seja, os cinemas de rua que existiam na cidade, cujos letreiros das placas nas fachadas desses cinemas, proclamava-se os títulos de Cine Pax, Cine Éden e Apolo XI. O Cine Pax, ficava na Praça do Espinho, que interligando o centro e a zona sul, área em expansão da cidade. O Cine Éden, localizava-se na Avenida João Pessoa - centro comercial de Cajazeiras. Já o Cine Teatro Apolo XI, era instalado na parte norte, onde havia a maior concentração de residências de famílias de classe média em ascensão. O prédio foi projetado para funcionar o cinema e a Rádio Alto Piranhas. Tanto a rádio como cinema pertencia a diocese de Cajazeiras. O Cine Teatro Apolo XI, como era chamado, era moderno - com cabine refrigerada e equipamentos de projeção sofisticados da melhor qualidade para os padrões da época.
Já as chamadas salas alternativas, eram instaladas de forma improvisadas, sem praticamente nenhum conforto e geralmente ficavam em áreas de confluência com centro da cidade, onde ficavam os maiores cinemas. Das salas facultativas que fez parte da cultura cinematográfica dos cajazeirenses, duas mereceram destaque.
A primeira foi instalada em 1954 e ficava na Rua Dr. Coelho Sobrinho, nº 38. Denominava-se de Cine Teatro Cruzeiro. A sala de exibição era de propriedade do Sr. Eutrópio Cartaxo. Segundo escreveu Miguel Júnior - para o blog sete candeeiros cajá, os filmes anunciados e projetados no cinema de Eutrópio não eram lá essas grandes coisas. Mesma assim, as vezes atraia um bom público. Seu Eutrópio (como era chamado), fazia de tudo para oferecer o melhor da magia do cinema aos que lá iam. Para tanto, ele fazia uma programação a partir do gênero de filme que mais era solicitado pelos clientes frequentadores.
Portanto não medindo esforços, subia e descia as escadas com rolos de fitas, passava os filmes. Quando certa vez na ausência da bilheteira e do porteiro, ele mesmo vendia os ingressos e ainda era porteiro. A sala tinha uma capacidade para acomodar 300 pessoas sentadas. Havia sessões todos os dias chegando a uma demanda de 304 exibições por ano. Atingindo assim, uma média de 15.500 expectadores. O espaço de projeção em 16mm, era muito precário, pequeno, muito quente sem ventilação e para se chegar lá, Seu Eutrópio usava uma escada de madeira.
“Quando eu era adolescente, eu gostava de assistir as matinês nas tardes de domingo no Cine Cruzeiro, que ficava na Rua Dr. Coelho. A sala de exibição era de propriedade do Sr. Eutrópio Cartaxo, pai de Mazinho. Sua esposa, dona Olívia, ficava na bilheteria vendendo os ingressos e Zé Pequeno era o porteiro. Seu Eutrópio, nos seus mais de 120 quilos, subia uma pequena escada de madeira que dava acesso à sala para operar o projetor de filmes. Esse local era muito precário, pequeno, muito quente e sem ventilação. O filme era anunciado durante a semana em uma tabuleta de madeira amarrada com arame, em um poste de luz, que ficava na esquina da Rua Dr. Coelho, ao lado da bodega de Quinco. Antes de começar a exibição do filme tinha pessoas que reservavam a cadeira ao lado para outra pessoa, que estava atrasada, levantando o assento, como se estivesse ocupada. Quando o filme era interrompido no meio da sessão por causa da quebra da fita (filme), aí as luzes se acendiam por alguns instantes, bem como quando terminava o filme, e a meninada levantava e baixava de vez o assento da cadeira para aumentar o barulho.” José Pereira de Sousa Filho.
"Certa feita, por conta da algazarra, que a gurizada protagonizava, lá em baixo, seu Eutrópio foi descer rápido a escada, no intento de contê-los, quando a mesma quebrou-se, aí meio, devido ao seu peso, estatelando-se no chão, ficando desacordado, por algum, tempo. Por ironia, o filme que estava sendo exibido, na ocasião, era UM CORPO QUE CAI." Fernando Carvalho.
No final da década de 60 Eutrópio Cartaxo estendeu o seu Cinema Paradiso até a cidade de Ipaumirim/CE. Naquela cidade ele instalou os Cines São Sebastião e Rex. Com ajuda de um pintor de parede, conhecido como “Zé Pintor” - que preparava os cartazes e colocavam os cavaletes na parede do antigo escritório do senhor que era conhecido como Ademar Barbosa. Eutrópio exibia uma programação basicamente de filmes de aventura, composta de filmes de Tarzan, Batman e Zorro.
A segunda ficava na região da Camilo de Holanda - na Rua Romualdo Rolim, em frente onde existia uma bomba de gasolina. Na sala que durante dia era uma oficina mecânica, Zé Sozinho, natural de Pajeú das Flores/PE, exibia durante as noites de final de semana seus filmes em 16mm. O espaço era improvisado, com alguns bancos e caixas de madeiras. A cabine de projeção praticamente não havia; era apenas dois enormes caixões no meio da sala - um sobre o outro e o projetor de 16 mm em cima. Zé Sozinho passava os filmes em pé sobre uma cadeira.
Cajazeiras teve ainda uma terceira sala de exibição opcional nos finais de semana. Foi a do Cineclube Wladimir Carvalho, que funcionou entre os anos de 1976 e início dos anos 80, nas dependências da Biblioteca Pública Municipal Castro Pinto. O clube de cinema oferecia de graça aos cinéfilos da cidade, filmes de artes, gênero que não era exibido nas chamadas grandes salas de Cajazeiras. O cineclube expandiu sua programação, destinando suas exibições também para associações comunitárias, sindicatos e em vias públicas dos bairros mais distantes do centro.
Texto e imagem reproduzidos do site: cajazeirasdeamor com
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