terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Conheça a história de João Mello, do Cine Belas Artes

João com rolo de filme 35mm que roda em um projetor da marca alemã Herman;  não gosta da tecnologia digital Foto: Milena Aurea/A Cidade.

Conheça a história de João Mello, o homem que comanda o Cine Belas Artes.
Exibidor vai na contramão das salas comerciais e exibe filmes autorais nos Estúdios Kaiser de Cinema.

23/11/2013 Jornal A Cidade - Regis Martins.

O empresário João Mello Rodrigues tinha apenas 9 anos quando descobriu que sua grande paixão era o cinema. Naquela época, conheceu Humberto Bologna, um faz-tudo que o ensinou muita coisa sobre equipamentos de exibição.

Desde então, tornou-se um expert não apenas em filmes, mas em cinemas propriamente ditos. Foi operador de projeção e gerente de salas históricas de Ribeirão, como o Comodoro, o Bristol, o Plaza e o Centenário.

Hoje, comanda o Cine Belas Artes, única sessão dedicada exclusivamente a filmes de arte em Ribeirão Preto. Desde julho passado, o projeto traz longas-metragens inéditos que passam longe do circuito comercial. As sessões duplas são realizadas semanalmente, de domingo a quarta-feira, em uma das salas dos Estúdios Kaiser de Cinema.

Neste domingo (24), vai ser apresentado, às 19h, o filme inglês “Eu, Ana”, dirigido por Barnaby Southcombe, e às 21h o francês “A Religiosa” - longa polêmico com Pauline Etienne e Isabelle Huppert.

“Sigo a linha de salas como o Espaço Itaú de Cinema e o Reserva Cultural, em São Paulo. Sempre com filmes recentes e premiados”, garante João Mello.

‘Cinema é vício’, diz o exibidor

O Cine Belas Artes é um projeto antigo de João Mello Rodrigues. Funcionou durante alguns anos com este mesmo nome, no prédio onde hoje está o teatro da ONG Ribeirão Em Cena.

Antes, João esteve à frente de projetos ligados a cinema e educação, como o Cine Arte Anglo, o Cine COC e também fez parte da equipe do bom e velho Cineclube Cauim.

“Fui o primeiro a implantar o Cinema Mais Escola na cidade”, informa o exibidor, referindo-se ao programa que hoje é realizado pelo Cauim, na sala da rua São Sebastião.

No início dos anos 2000, João chegou a deixar Ribeirão para implantar um cinema em Altinópolis com sessões que atendiam crianças da rede pública de ensino.

Não foi a primeira vez que tentou abrir salas de exibição pela região.

Nos anos 1980, quando ainda trabalhava na área técnica da EPTV, largou tudo para abrir um cinema em Monte Azul Paulista, onde ficou por quatro anos.

Ou seja, foram décadas de dedicação quase quixotesca à sétima arte. Hoje, de volta a sua cidade-natal, João Mello parece não ter se arrependido de nada.

“É uma luta diária. Mas cinema, para mim, é um vício. A gente perde e a gente ganha. É uma loteria”, resume.

Universitários

O exibidor explica que o público que assiste às sessões do Cine Belas Artes é formado basicamente por universitários e cinéfilos em geral. O tempo que um filme fica em cartaz depende do interesse das pessoas. “Os maiores sucessos foram até agora [os documentários] ‘Francis Hime’ [sobre o músico carioca] e ‘Elena”, ressalta.

O belo “Elena”, dirigido por Petra Costa, é baseado na vida da atriz Elena Andrade, irmã mais velha de Petra.

Longe das grandes bilheterias, João Mello acredita que o importante é garantir qualidade e não quantidade. “Ficar rico pra quê? Prefiro morrer fazendo aquilo que gosto”, comenta.

Projetor de 1960 foi reformado

Uma das coisas que mais chamam a atenção das sessões do Cine Belas Artes, nos Estúdios Kaiser, é o projetor usado por João Mello.

Trata-se de um equipamento da marca alemã Herman, construído nos anos 1960, que exibe películas de 35 mm. João conta o comprou de Warley Pupo, proprietário de várias salas de cinema da região nos anos 1970 e 1980. Reformou o aparelho, que desde então é seu companheiro em vários projetos.

“Cheguei a levá-lo para projetos itinerantes promovidos por Sescs da região. Eram sessões de cinema ao ar livre”, lembra o empresário, que não gosta muito da tecnologia digital que domina o cinema atual. “A definição fica péssima. Nada substitui a película”, diz.

Foto e texto reproduzidos do site: jornalacidade.com.br

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