sábado, 8 de fevereiro de 2014

Cabine de Projeção Digital

 Cada cópia digital é devidamente identificada pela embalagem: nome original do filme, tamanho da imagem, tipo de som. Fica mais fácil organizar assim. 
Fotos: Enock Carvalho e Matheus Farias.

É através de uma imagem projetada na parede que a lista de filmes é controlada.
Através dela é definida a ordem de exibição de cada filme do dia.
 Foto: Matheus Farias. 

Na sala escura de projeção, o trabalho é minucioso para não acontecer erros. 
Os projecionistas acompanham o trabalho por uma janela que dá acesso ao cinema.
 Foto: Enock Carvalho.

Publicado por Cine Marcado, em 15/10/13.

Os responsáveis pela excelente projeção do Janela
Por Enock Carvalho

A arquitetura do Cinema São Luiz, no Centro do Recife, impressiona aos que entram pela primeira vez na grande sala. Desde a última sexta-feira (11), o Cinema abriga o VI Janela Internacional de Cinema do Recife, e é possível notar que minutos antes das sessões, os espectadores já acomodados discretamente erguem seus celulares e registram a grandiosidade da sala. Mas hoje, no terceiro dia do Festival, foi a qualidade da projeção que ganhou destaque.

Após a exibição do curta-metragem Colostro, o diretor Cainan Baladez esteve à frente do cinema com outros diretores e comentou que seu filme tivera no São Luiz a melhor projeção já vista por ele em todas as telas pelas quais já passou. De fato, tanto imagem como som dos filmes do Janela, estão com a qualidade altíssima. Para entender a que se atribui essa qualidade, o Cine Marcado subiu três andares de escadas acima do São Luiz para conversar com a equipe responsável pela projeção do Festival.

Já ao abrir a porta veem-se caixas e mais caixas lacradas que guardam as cópias digitais. O Festival conta com 112 filmes, e todos eles são recebidos em discos rígidos. Várias das cópias vieram de fora do país, direto para o Janela. A primeira identificada era do longa-metragem em competição Metalhead, que seria exibido em poucos minutos. A organização delas está à cargo do recifense Rodrigo Almeida, que embora já trabalhe como curador do Festival desde a segunda edição, pela primeira vez trabalha durante a produção.
O trabalho de Rodrigo não é tão tranquilo quanto parece. Ele monitora a chegada dos filmes no Cinema e a saída. Segundo ele, alguns filmes saem do Cinema logo após a exibição no Festival porque outros festivais precisam das cópias, e para isso, ele tem um registro anotado do tráfego. Dada a chegada da cópia, o filme é transferido para o servidor DCP que armazena todos os que serão projetados no Janela, e depois da projeção a cópia volta para a embalagem lacrada em que chegou para ser devolvida. Antes do Festival, Rodrigo já tinha conhecimentos de projeção adquiridos ao longo do trabalho no Cineclube Dissenso, porém ele reconhece a maior responsabilidade de agora. “Geralmente os filmes do Dissenso eram levados em pendrives, HDs, era um outro esquema. Aqui é diferente, é muito mais intenso, a quantidade de filmes é maior, tem que ficar ligado de onde está vindo cada um, para onde vai”, explica.

No último sábado a rede que abastece a energia do Cinema São Luiz sofreu uma pequena queda de energia, que interrompeu por alguns segundos a projeção. Para evitar que o filme fosse interrompido mais uma vez, um no-break foi ativado para suprir o projetor Christie de 30.000 ansi-lumens caso houvesse outra queda na rede. O projetor, aliás, veio direto do Rio de Janeiro, de onde vem também o técnico cinematográfico alemão Ali Sözen, de 37 anos.

O recém-aprendido português de Ali permitiu que ele falasse sobre a experiência de trabalhar no Janela. Residente no Brasil há seis anos, esta já é a segunda vez que trabalha projetando no Festival (a última foi em 2011, quando aconteceu a exibição dos clássicos de Stanley Kubrick). Ali morava em Berlim, onde trabalhava como projecionista de filmes em película 35mm no cinema que lançou Metrópolis, filme que verá pela primeira vez no Janela no próximo domingo. “É interessante porque na época, quando eu trabalhava lá, não tinha a versão original desse filme. Domingo eu vou ver o Metrópolis pela primeira vez na versão completa, masterizado em digital”, explicou Ali.

Ali revela que é cuidadoso com a projeção que faz, dizendo “Eu sou exigente, tento fazer o melhor”. Quando informado que o diretor Cainan Baladez elogiou a projeção de seu filme, se disse orgulhoso pelo trabalho dedicado no Janela. Nos anos 2000, a distribuição de filmes para os cinemas ganhou uma reformulação: começou a migrar lentamente da película para o digital. Hoje, o Janela só conta com cópias digitais e Ali constata que a evolução melhorou o seu trabalho. “Eu trabalhava com 35mm em Berlim e era uma logística muito grande. Nossa, era muito material, e estraga fácil”, conta ele lembrando dos rolos e mais rolos de filmes que ocupavam espaço da cabine de projeção.

A dedicação de Ali resultou na perfeição da imagem de Tatuagem, filme que abriu a competição de longas na última sexta-feira. As imagens coloridas encheram de brilho o São Luiz, cujo som era possível ouvir até do lado de fora de tão potente. Na quinta-feira, antes da abertura, as caixas alugadas para equipar o Cinema não funcionaram corretamente. A solução foi encontrada no Cinema da Fundação, que ainda guardava as antigas caixas da marca JBL e que estão provando que continuam vivas no São Luiz. Vive o som, vive a imagem, vive o Janela.

Fotos e texto reproduzidos do site: cinemarcado.com.br

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