sábado, 22 de fevereiro de 2014

Salas com projeção de filmes em película estão com os dias contados


Publicado pelo Jornal de Londrina, em 18/02/2014.

Salas com projeção de filmes em película estão com os dias contados
Por Fábio Luporini

Não tem mais jeito. Logo o Cine Com-Tour/UEL (Av. Tiradentes, 1241) vai “aposentar” o velho projetor em película 35mm para comprar um que faça exibições digitais. O projetor é um dos dois que estão em funcionamento desde a inauguração do Cine Ouro Verde, em dezembro de 1952. O outro está desmontado e guardado no campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL). No incêndio do Ouro Verde, em fevereiro de 2012, ele estava alojado na antiga sala de projeções e, embora não tenha sido totalmente destruído, ficou bastante chamuscado.

“Chegou o ponto em que estou com cada vez menos opções de filmes em película 35mm, o antigo celuloide. Se der para fechar 2014 só com celuloide será um grande feito. O digital é irreversível. Será necessário comprar um. A UEL já está informada dessa deficiência”, afirma Carlos Eduardo Lourenço Jorge, diretor da Divisão de Cinema da Casa de Cultura, responsável pela programação no cinema e colunista do JL. Apesar de o equipamento ser suficiente para as exibições, até porque não é sobrecarregado – há apenas uma sessão diária e duas durante o fim de semana –, as distribuidoras estão cada vez mais distribuindo as cópias apenas em tecnologia digital.

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"Chegou o ponto em que estou com cada vez menos opções de filmes em película 35mm, o antigo celuloide. Se der para fechar 2014 só com celuloide, será um grande feito. O digital é irreversível. Será necessário comprar um [projetor]. A UEL já está informada dessa deficiência.". (Carlos Eduardo Lourenço Jorge, chefe da Divisão de Cinema da Casa de Cultura da UEL).

Transição - Filme em 35mm tem suas vantagens O saudosismo não é o único argumento a favor da película em 35mm. A diferença nas imagens apontada por profissionais que trabalham na indústria do cinema também engrossa o coro dos cinéfilos. “O digital tem uma limpeza visual de certa artificialidade. Ele é claro demais. Há perda de tons, de brilho”, argumenta Carlos Eduardo Lourenço Jorge. Ele se lembra da estreia de um filme de Steven Spielberg em Cannes, ocasião em que houve alguns problemas e, por conta disso, o próprio cineasta acompanhava a exibição diretamente da cabine de projeções. Na última sexta-feira, a Paramount Pictures anunciou que vai continuar lançando cópias em película 35mm e que não tem previsão de digitalizar totalmente os títulos que distribui.
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Cópias

Essa situação obrigará o cinema a ter um projetor digital, sob risco de faltarem cópias para exibição, como já ocorreu. “O projetor tem quase 62 anos e dá conta do recado. Tem assistência técnica permanente, quando a gente nota algum problema numa lâmpada, por exemplo”, diz Lourenço Jorge.
O filme Ninfomaníaca (2013) é um exemplo. “Eu teria exibido. Aliás, o Com-Tour/UEL seria o lar do filme. É do nosso perfil. Outro filme japonês, que eu vi em Cannes, só veio em cópia digital”, aponta.

A cada lançamento, a preocupação de ter ou não cópias em 35mm é um dos aspectos que devem ser levados em conta pelo Com-Tour/UEL, que está fazendo um levantamento de preços de projetores digitais. Entretanto, há vários tipos e modelos diferentes. Para Lourenço Jorge, basta um básico. “Um 2D básico para podermos passar o digital.”

Treinamento

Em Londrina, o Cine Araújo, do Catuaí Shopping Center (Rod. Celso Garcia Cid, km 377), mantém algumas projeções em película: todas as sete salas tem o projetor 35mm. Todavia, duas têm o equipamento digital que permite a exibição em 3D. Técnicos estão em treinamento, porque dentro de 60 dias os antigos projetores serão trocados por equipamentos digitais, já comprados pela rede. A atualização não será somente em Londrina.

O Lumiére, cinema do Royal Plaza Shopping (R. Mato Grosso, 310), tem cinco salas, das quais três possuem apenas projetores em película, uma somente em digital e outra com os dois tipos de equipamentos. O Royal não tem previsão para a digitalização completa.

Digital

A rede Cinemark, última a inaugurar salas de cinema em Londrina, no Boulevard Londrina Shopping (Av. Theodoro Victorelli, 150), possui projetores digitais em todas as sete salas. Não há nenhum equipamento em película. Do total, quatro salas tem o projetor 3D, incluindo um com tecnologia XD. As outras três salas são digitais em 2D. A unidade em Londrina é uma das 27 da rede que operam totalmente em digital no Brasil. Nesse primeiro semestre os outros 40 cinemas serão completamente digitalizados.

No Cinesystem, do Londrina Norte Shopping (Av. Américo Deolindo Garla, 224), também não há exibições em película 35mm. Todas as seis salas são digitais, sendo três em 3D e duas em 2D.

Foto e texto reproduzidos do site: jornaldelondrina.com.br/cultura

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