domingo, 2 de novembro de 2014

Cine Drive-in de Brasília é o maior da América Latina e o único no país.


Fotos: Ricardo Botelho.

Publicado originalmente no site Folha do Serrado, em 8 de outubro de 2013.

Cine Drive-in de Brasília é o maior da América Latina e o único no país.
Por Adelina Dias.

Cine Drive-in em Brasília é o único a céu aberto no Brasil. Inaugurado em 1973, o “quarentão” é um espaço diferente para a exibição da sétima arte. Sucesso absoluto na década de 70, em muitas cidades brasileiras durou apenas até meados dos anos 80. Mas o cinema ao ar livre da capital federal resiste ao tempo, as dificuldades e à era 3D, fazendo parte da história de quatro gerações. É o maior da América Latina com tela de 312 metros quadrados e estacionamento para quinhentos carros ou mil pessoas numa única sessão.

Localizado próximo ao centro da capital, o Cine Drive-in é administrado por Marta Fagundes, 53, que começou a trabalhar lá em 1975 com o pai. Em 1988 o proprietário foi morar no Rio de Janeiro e quis fechar o cinema, mas Marta comprou o Drive-in. O local já foi alvo de especulação imobiliária. Propostas de compra, algumas com promessa de manter a atração, não foram capazes de convencer Marta a abrir mão do cinema. “O drive-in na minha vida é algo apaixonante, parece um filho e ninguém abre mão de um filho”, explica.

Quem vai ao drive-in pela primeira vez se arrepende de não ter conhecido antes.  É o caso da estudante Jussara Araújo, 22, moradora da Asa Norte. Jussara conheceu o cinema este ano e disse que ficou extasiada. “Ver cinema à luz da lua é maravilhoso, nunca imaginei que fosse tão bom”, afirma.

O cinema é democrático e quase tudo é permitido. Cada carro se transforma numa sala de projeção particular. No Cine Drive-in é possível fumar, beber, comer, falar ao celular, namorar e o que muita gente gostaria de fazer quando durante uma exibição: Conversar. O áudio do filme é transmitido por uma frequência de rádio FM, sintonizada dentro do próprio carro. Para os que não possuem som automotivo e só acender o farolete e solicitar caixinhas de áudio.

E nesse lugar uma personagem que merece destaque é Marisa da Silva Pereira, 46, operadora cinematográfica do Cine Drive-in há seis.  A piauiense de União chegou à Brasília na década de 1970, aos 14 anos para trabalhar como empregada doméstica. Na capital federal foi ao cinema pela primeira vez aos 22 anos assistir ao filme “Branca de Neve e os Sete Anões”. Depois de trabalhar como porteira em um cinema de Brasília, Marisa aprende a operar projetor de filmes e começa a trabalhar no Cine Drive-in.

Apesar das dificuldades que passou na chegada à Brasília, hoje Marisa se diz feliz e realizada profissionalmente. “Amo o que faço, cinema é uma magia, um mundo diferente, que nos faz viajar para qualquer lugar”, afirma. O Cine Drive-in é a casa da operadora cinematográfica que mora com o marido, dois filhos, dois netos, um genro e um sobrinho. Apenas um dos filhos não trabalha no cinema. Os demais se dividem entre as tarefas na bilheteria, atendimento, manutenção e cozinha. Eles moram numa casa abaixo do telão.

Marisa, que já sonhou em ser atriz poderá sair de trás do projetor para a telona.  O cineasta brasiliense Iberê Carvalho grava entre Brasília e Anápolis o longa “O último Drive-in”. O filme mostra o drama de um negócio à beira da extinção. Segundo Marisa, o Carvalho estuda uma pequena participação da projecionista.

Uma realização para Marisa e também para Marta, que acredita que o filme poderá render um público maior e tornar o cinema conhecido na capital e em todo o país. Para Marta, o Cine Drive-in é o único e não o último, pois ela não pretende fechar as portas daquilo que faz parte da sua história e de muitas outras pessoas. “O Drive-in contempla o público de uma forma muito especial: o bebê mamando, pessoas com deficiência melhor acomodadas, crianças, namorados, cachorrinhos, seus carros, as estrelas: todos são bem vindos”.

Serviço:

Como funciona: O filme é exibido em uma tela de concreto, diante do estacionamento. O áudio é sintonizado na frequência 88,7 FM. Se o carro não tiver som, solicite as caixas do Drive-in acendendo os faroletes.

Texto e foto reproduzidos do site: folhadocerrado.wordpress.com 

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