quinta-feira, 28 de setembro de 2017

De volta para o futuro

Carlos Eduardo, o Duda, e o novo projetor: cineclube de volta à ativa.
Foto: Weber Sian/A Cidade.

Publicado originalmente no site A Cidade.on, em 10/1/2016.

De volta para o futuro

Único cinema com projeção de película na cidade, Cauim adquire equipamento digital para exibição

Por Regis Martins

O Cineclube Cauim volta às origens, mas de olho no futuro. Para exibir novamente os filmes de arte que fizeram a fama do espaço em 36 anos de atividades, o Cauim se viu obrigado a comprar um caríssimo projetor digital. Antes, o cinema dispunha – com orgulho – apenas de um raro projetor de filmes em película (leia mais abaixo). O novíssimo equipamento chegou semana passada ao cineclube.

“Conseguimos comprá-lo graças a um financiamento que fizemos por meio da Ancine [Agência Nacional de Cinema] com parcelas a perder de vista”, informa o presidente do Cauim, Fernando Kaxassa – que ressalta: o preço de um projetor digital para um cinema com as mesmas dimensões do cineclube chega a R$ 400 mil.

Kaxassa diz que o investimento foi necessário por um simples motivo: os filmes de película praticamente desapareceram do mercado. “Não tem mais jeito, os laboratórios não fabricam mais. A gente não conseguia mais os filmes”, comenta.

Para inaugurar essa nova fase, o cineclube colocou em cartaz o elogiado “Chico – Artista Brasileiro”, documentário sobre o compositor e escritor Chico Buarque que causa comoção por onde passa.

“Estamos retomando os filmes de arte e, quando vi o documentário do Chico, achei demais. Tive que trazê-lo pra cá”, conta Kaxassa.

Sessões noturnas

O cineclube que fica no Centro de Ribeirão Preto dará espaço aos filmes “cult” nas sessões noturnas a partir das 20h, sempre de quinta-feira a domingo. No resto da semana, em vários horários, serão exibidos filmes do circuito comercial – como “Transilvânia 2”, já em cartaz. No período diurno, o Cauim também dá continuidade a projetos socioculturais de formação de público, como “A Escola vai ao Cinema”.

Para os outros horários, Kaxassa pretende criar novos projetos que incentivem o público a assistir a trabalhos autorais de cineastas brasileiros e também estrangeiros.

“As sessões de filme de arte pararam por falta de público. Muita gente deixou de vir ao Cauim pela insegurança no Centro. Mas, esse ano, vamos ter convênios com estacionamentos e manter um segurança na rua”, diz Kaxassa, que quer deixar 2015 para trás, quando o cinema quase fechou. “Foi o pior ano da minha vida”, garante.

‘Sou o último operador’, diz Duda

Mesmo com o novo equipamento, o Cauim continua com o bom e velho projetor de película. Os dois agora dividem espaço na cabine de projeção do cinema. Algo que o operador Carlos Eduardo da Silva, o Duda, já previa desde o ano passado. Em reportagem publicada em outubro de 2015 pelo A Cidade, Duda disse que o projetor digital iria exibir os filmes comerciais e o analógico, os clássicos no Cauim.

“Claro que agora vamos ter que garimpar os filmes, mas a película nunca vai morrer, assim como o vinil”, diz.

Longe de ser um purista, Duda afirma que a qualidade da imagem e do som no Cauim melhoraram muito com o novo equipamento. Ele só lamenta que a tecnologia digital tenha tirado o emprego de muito gente. “Ainda bem que estou numa empresa que valoriza o profissional. Sou o último operador cinematográfico de Ribeirão Preto”, lembra.

Texto e imagem reproduzidos do site: acidadeon.com

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