Legenda da foto: Eduardo José Forster, gerente da Cinematográfica Araújo: projeção programada, assim como o apagar e acender das luzes – (Crédito da foto: Marcelo Rocha/Liberal).
Publicação compartilhada do site LIBERAL, de 2 de abril de 2023
Bastidores revelam a magia do cinema
Moviecom e Cinematográfica Araújo mostraram como as projeções acontecem
Por Marina Zanaki
A magia do cinema começa com um clique. Os antigos rolos de filme 35 milímetros deram lugar na última década às evoluções tecnológicas, e hoje o processo é automatizado e digital. A reportagem do LIBERAL visitou os bastidores do Moviecom, no Tivoli Shopping, e da Cinematográfica Araújo, na Villa Multimall, para entender como funciona o coração do cinema.
Stephanie Kirsty é profissional de atendimento ao cliente no Moviecom, mas quando ingressou na empresa, há 12 anos, era operadora cinematográfica. Ela era responsável por montar os vários rolos de fitas para os filmes, usando uma cola especial.
“Já montei errado, tive que trocar tudo. Geralmente a gente testava antes para rodar tranquilo, mas já aconteceu de chegar em cima da hora e não conseguir. Ao final da sessão, tinha que rebobinar tudo de novo”, recorda.
Até 2012, os projetores usavam os rolos de 35 milímetros em um processo manual. Por conta disso, era preciso monitorar as sessões o tempo todo. Contudo, há pelo menos dez anos, os cinemas da região aderiram a um processo mais digital e moderno.
Na Cinematográfica Araújo, os filmes chegam das distribuidoras em HDs. As mídias são inseridas nos projetores em gavetas, em um processo que lembra as antigas fitas VHS. Mas a semelhança acaba aí, já que o processo é todo digital.
O arquivo do filme leva entre três e quatro horas para ser transferido para o projetor.
A grade do cinema é programada uma vez por semana e inicia automaticamente. Até mesmo os trailers e propaganda começam sem que ninguém precise intervir. A explicação é do gerente da Cinematográfica Araújo, Eduardo José Forster.
“Não precisa de nenhuma pessoa para rodar o filme, posso programar para iniciar na hora certa, para acender e apagar as luzes. Antes, precisava de duas pessoas para monitorar”, disse Eduardo.
Desde 2019, o Moviecom tem acesso às obras disponibilizadas pelas distribuidoras através de um satélite. Assim como antigamente eram necessários vários rolos do 35 milímetros para apenas um filme, hoje são baixados vários arquivos, que são liberados com uma senha que tem data de validade.
“Só roda se tiver as quatro versões do filme e a senha específica. Acredito que é uma medida de segurança das distribuidoras para dificultar a pirataria”, disse o subgerente operacional do Moviecom, Alan Aparecido da Silva Turci.
PROJETORES
No imaginário coletivo, alimentado por cenas de obras como “Cinema Paradiso” (1988), os filmes ainda surgem do rápido e belo movimento das películas nos projetores.
Mas a verdade é que as salas dos projetores têm um ruído alto e constante, além de canos e equipamentos que chamam a atenção – ar-condicionado e exaustores são imprescindíveis para suportar o calor gerado ali. Apesar de todo o aparato, é escondida dentro dos projetores que fica a peça mais essencial do cinema – a luz.
Com duração média de 2 mil horas, o que significa entre três e seis meses, as lâmpadas de xenon são responsáveis pela imagem vista na tela do cinema.
Conforme o tempo vai passando, perdem luminosidade e os filmes ficam com uma aparência mais escura. Cada lâmpada custa cerca de R$ 7 mil, e o processo de troca é delicado. “Tem que usar equipamentos de proteção, porque pode estourar, e toda vez que vai trocar é aquela tensão”, conta Eduardo.
AVANÇO
Os avanços vão além da projeção. O Moviecom enxergou na tecnologia uma possibilidade de aumentar a acessibilidade. O cinema oferece, mediante pedido, um celular que fica acoplado na cadeira e oferece tradução dos filmes exibidos para Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) e audiodescrição para cegos.
Além disso, uma sala do Moviecom conta com um avançado sistema de áudio, o Dolby Atmos. Com mais pontos de som na sala, essa tecnologia permite que o áudio seja interpretado pelo espectador como um objeto tridimensional.
A reportagem participou de uma demonstração, e foi possível ouvir o canto de um pássaro que parecia estar circulando pela sala. Mesmo sem películas, a imersão do cinema segue mais viva do que nunca.
Texto e imagens reproduzidos do site: liberal com br
Nenhum comentário:
Postar um comentário