terça-feira, 9 de julho de 2024

Do projecionista ao pipoqueiro: Operários das salas de cinema




Fotos de Sergio Poroger/Museu do Holocausto — Exposição

Publicação compartilhada do site R7, de 9 de maio de 2024 

Do projecionista ao pipoqueiro: exposição de fotos homenageia operários das salas de cinema

Por Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília

‘Uma Rua Chamada Cinema’, que estreia nesta sexta-feira em São Paulo, traz olhar de Sergio Poroger sobre trabalhadores desses locais

Mostra estará no Museu da Imagem e Som

Estreia nesta sexta-feira (10), no Museu da Imagem e Som, em São Paulo, a exposição fotográfica “Uma rua chamada cinema”, do jornalista Sergio Poroger. Entre 2017 e 2024, ele visitou vários países para retratar os trabalhadores das mais diversas funções em uma sala de cinema de rua, entre eles pipoqueiros, vendedores de bala, montadores de letreiros e projecionistas. A exposição é composta por 36 fotos que dão destaque a esses operários da “mágica” dos cinemas. “É um tributo não somente ao cinema de rua, mas aos profissionais que fazem isso acontecer”, afirma o artista.

“Quando a gente vai ao cinema, a gente nem presta atenção nessas pessoas. Mas elas são muito importantes, trabalham incansavelmente para que uma sala funcione e seja aquela coisa que todo mundo acha ‘mágica’. Então resolvi fazer uma homenagem e tratá-las como verdadeiras protagonistas”, afirma Poroger. Ele conta que o projeto começou em 2017, quando estava nos Estados Unidos, e teve a vontade de “fotografar a indústria do cinema refletida no dia a dia das pessoas”.

“Minha motivação é uma mistura de nostalgia e uma tentativa de preservar a experiência urbana de ir a uma sala de cinema de rua”, diz o fotógrafo. Ele lamenta o fato de que esses espaços estejam cada vez mais escassos, principalmente no Brasil.

O cinema de rua está inserido no espaço público da cidade, fora da clausura dos shoppings. O senso coletivo que o cinema promove cresce muito quando está em uma sala de cinema de rua, na cidade, em uma experiência artística e urbana

O fotógrafo expõe imagens feitas por ele em países como Estados Unidos, Holanda, Argentina, Polônia, e em diversos estados do Brasil. “Como jornalista, viajo muito. E, desde que surgiu esse projeto, sempre fico um tempo a mais para fazer fotos das salas de cinema de rua dos locais que visito”, relata.

“Os cinemas de rua constituíram uma parte indelével da infância do fotógrafo. Cresceu imerso na magia dos desenhos animados, aos domingos, ao lado do pai no antigo Cine Metro, no coração de São Paulo. Inspirado por essa vivência, nutriu o desejo de nos conduzir por uma jornada visual, captando fotografias de salas de cinema por vários países”, conta João Kulcsar, curador da mostra.

Cada imagem é um tributo apaixonado ao mundo cinematográfico. É, portanto, uma homenagem não apenas à arte do cinema, mas também aos profissionais que tornam possível essa mágica.

O jornalista comemora o fato de a exposição estar no Maio Fotografia 2024, que reunirá ainda trabalhos de Allan Porter, Bruno Matthas, Gabriel Chaim, Sebastião Salgado e Thereza Eugênia, além de imagens do acervo do museu que a recebe. “Não tem como pensar em imagem em São Paulo sem pensar no Museu da Imagem e Som. Então essa exposição abrange bem isso, com fotógrafos como Sebastião Salgado e Gabriel Chaim, e fico muito honrado em expor em um museu pela primeira vez ao lado dessas pessoas”, celebra.

A mostra, que abre ao público nesta sexta-feira (10), se estende até 21 de julho.

Os ingressos custam R$ 5 (meia-entrada) e R$ 10 (inteira). Às terças-feiras, a entrada é gratuita. A exposição fica aberta de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; aos sábados, das 10h às 20h; e aos domingos, das 10h às 18h.

Mostra dentro da mostra

Além das 36 fotografias, a exposição vai abrigar uma pequena sala de cinema. “É para a pessoa ter a sensação de estar em um cinema de rua. E nós vamos passar alguns filmes e três vídeos sobre esses personagens das fotografias”, conta o autor.

“Um deles é um proprietário de um cinema no interior da Argentina, na cidade de Villa Elisa — o Omar, que construiu o ‘Cine Paradiso’ na sala de casa depois de ver fechada a sala de cinema da qual era dono. Outro personagem, de Fortaleza, é o senhor Vavá, que era proprietário do Cine Nazaré. Ele só abria para amigos. Eram filmes de bang-bang, faroeste, que eram assistidos por amigos e conhecidos da cidade”, relata.

Bate-papo

A exposição vai ter ainda duas exibições de filmes e bate-papo com especialistas. Em 29 de maio, às 19h, será exibido o longa inglês Império da Luz. Já em 21 de junho, também às 19h, é a vez do filme sudanês Conversando com Árvores. O ingresso é o mesmo da mostra.

Serviço

O quê? Exposição “Uma Rua Chamada Cinema”, de Sergio Poroger — Mostra “Maio Fotografia 2024″;

Quem? De Sergio Poroger, jornalista e fotógrafo;

Quando? De 10 de maio a 21 de julho;

Quanto? R$ 5 (meia-entrada) e R$ 10 (inteira);

Onde? MIS (Museu da Imagem e Som) — Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo.

Texto e imagens reproduzidos do site: noticias r7 com

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