Um dos projetores da sala de cinema de Brangança
Fotos: Album de Família
Publicado originalmente no site Rádio Hoje, em 19 de outubro de 2016.
O Som da Memória - Edson Bragança, o Cinema Paradiso é aqui.
Vidrado em cinema (mas não só), ele montou duas salas para
exibição de filmes em casa
Por Luiz Antônio
Costa.
Edson Bragança é daquelas pessoas que quando abraçam
qualquer coisa faz o melhor que pode e geralmente é bem-feito, de deixar
qualquer um de queixo caído. O maior exemplo é que os pilotos da Esquadrilha da
Fumaça não puderam esconder o entusiasmo quando se viram representados numa
formação da esquadrilha feita por Bragança em aeromodelo.
A sensibilidade de Edson Bragança vai além do aeromodelo.
Está na vida pessoal. Profissional dedicado, pai e marido exemplo – conheço os
filhos (que aliás seguiram o pai nas artes). Sua mulher, Tânia, no Facebook
mostra como o marido é especial. E para quem conhece o casal, como eu, sabe que
ela não está falando nada além da realidade.
No mundo das artes, o
Edson Bragança não faz (só, como se pudesse dizer só) aeromodelos perfeitos.
Atua com artes plásticas e é um exímio músico. Foi o baixista de bandas que
embalaram os jovens do final de década de 1960 e por todos os anos da década de
1970.
Edson Bragana é “viciado” na Sétima Arte. Ele diz que desde
criança que sempre foi fascinado com aviões e cinema. E conta que “quando ia
aos cinemas Rosário e Patrocínio, não somente assistia os filmes, mas a minha
curiosidade era ver o que acontecia lá por trás daquela parede com aquelas
janelinhas de onde vinha aquela luz fascinante jogando o filme nas telas”.
Ele me diz que lá não podia entrar, mas insistiu até que um
dia pode entrar nas cabines dos dois cinemas da cidade. Conta que acabou por fazer
amizade com os projecionistas, “e ficava ali esperando sobrar um pedaço de
fita, para que eu pudesse levar pra casa”, explica.
Então, conta que fez “um pequeno projetor de madeira, onde a
lente era uma lâmpada transparente cheia de água, e os filmes eu desenhava no
papel transparente e cortava na largura de 35 mm”.
Mas, a história vai mais longe. Edson Bragança conta também
que “mais tarde o saudoso amigo e irmão Expedito Coimbra, me levou a Patos de
Minas onde me apresentou outro amigo que tinha sido dono de vários cinemas aqui
na nossa região. O Sr. Newton de Moraes Andrade que me deu de presente um
projetor que pertenceu ao cinema de Presidente Olegário. Trouxe essa máquina
pra casa, reformei com muita luta e coloquei pra funcionar. Daí para cá não
parei mais”, diz.
Bragança sempre que ouvia dizer que em alguma cidade havia
projetor parado e logo estava correndo atrás. E assim foi, quando começou o
fechamento dos cinemas em todo o País, devido aos videocassetes e os DVDs, foi
ficando mais fácil para ele conseguir esses projetores.
Em 1991, buscou um par de projetores marca Incol em Belo
Horizonte. Esses projetores estão no que chama de “minha modesta sala de
cinema”, funcionando perfeitamente até hoje. É isso mesmo, Bragança ama tanto a
arte do cinema que montou uma sala de projeção em casa, onde projeta filmes e
documentários para amigos e vizinhos sem cobrar nada por isso, só por prazer e
amor a arte.
Ele diz que “como não bastasse, fui informado que em
Vazante, também havia um par de projetores encostados num ferro velho. Acabei
comprando, trouxe pra cá, gastei um ano reformando, fazendo peças, pintando, e
hoje estão funcionando perfeitamente também”, conta.
Porém, a história não
acaba aí. Edson Bragança conheceu pela internet pessoas que, como ele, “também
sofrem do mesmo mal”. Estes amantes do cinema se transformaram em seus grandes
amigos.
Ele conta.“Começamos
a trocar figurinhas. Trocamos filmes, peças e outros. Atualmente com a entrada
dos projetores digitais em todo o mundo e em todo Brasil, os possantes
projetores 35 mm, foram encostados definitivamente nos depósitos. Os filmes em
películas também tiveram o mesmo destino. Então foi assim que consegui montar
meu pequeno acervo cinematográfico”, diz. Claro, que ele está formando uma
filmoteca de grande valor artístico e histórico.
Segundo Bragança, outro amigo, também proprietário de salas
de cinema em Divinópolis-MG, Alexandre Canteruccio, lhe doou mais alguns
projetores Triumpho, que eram fabricados em São Paulo pelo seu pai do amigo,
chamado Hugo Canteruccio. Edson se diz “eternamente grato” aos Canteruccio.
Para resumir, Bragança diz que “hoje tenho em casa uma sala
de cinema com a cabine Incol e outra cabine com projetores Centauro e Triumpho,
onde a tela fica ao ar livre”.
E como o Edson Bragança mesmo diz, sua historia é longa e
muito parecida com a do garoto Totó, do filme de Giusepe Tornatore, Cinema
Paradiso. “Quem gosta de cinema deve assistir esse filme sensacional. Todos nós
Cinemeiros, temos alguma coisa a ver com o Totó”, conclui o artista
patrocinense.
Texto e imagens reproduzidos do site: radiohoje.com.br
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