Cena do filme Cinema Paradiso.
Foto ilustrativa: www.espalhafactos.com
Enviado em 3 de julho de 2014 | No programa: Tempo de Vida.
Escrito por William Sanches | Publicado por Rádio Boa Nova
Cinema Paradiso e a Educação.
O filme “Cinema Paradiso” começa com o menino Totó, numa
Itália abalada pela guerra – o próprio personagem principal sofreu um revés
irreparável, seu pai foi enviado para os campos de batalha e não voltou. Órfão
de pai, vivendo apenas sob a tutela da mãe, Totó tem uma grande paixão: o
cinema.
Totó é um amante da sétima arte e como todas as pessoas
apaixonadas e envolvidas em situações como essa, arrisca-se diversas vezes para
que esse amor seja vivido com intensidade, com realidade e não mede esforços
para conseguir o que deseja.
Em determinadas situações, utiliza o dinheiro que a mãe lhe
dá para comprar mantimentos realizando seus sonhos, encontrando-se com seu
ardente desejo, indo ao cinema, vendo os filmes… Nos anos que antecederam a
chegada da televisão, logo depois do final da Segunda Guerra Mundial, Alfredo
(Philippe Noiret), é o único projecionista da cidade, apaixonado pela que faz:
Alfredo cuida do cinema como cuida da própria respiração. O cinema é a única
forma de entretenimento da cidade.
Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança,
quando agora Salvatore (o pequeno Totó) cresceu e se tornou um cineasta de
sucesso, que se recorda da sua infância quando recebe a notícia de que Alfredo
havia falecido.
No clássico “Cinema Paradiso”, de 1989, o diretor e
roteirista italiano Giuseppe Tornatore transforma o pequeno e sensível
protagonista Totó em uma forma de inspiração e reflexão sobre o próprio cinema.
A obra é metalingüística, ou seja, o próprio cinema contando sua própria
história, é como se fosse uma autobiografia.
A mágica do filme está na paixão de Totó pelo cinema e sua
perseverança em aprender e conhecer o ofício de projecionista. Totó acaba
descobrindo o mundo por meio de uma escola diferente, uma escola que não possui
quadro negro justamente porque o substitui pelas imagens, sons e pelas emoções
e sentimentos traduzidos pelas belas projeções comandadas pelo Alfredo que é
uma espécie de professor, pai e amigo de Totó.
Cinema.
O cinema e a arte em geral educam justamente porque encantam
com sua beleza, cor e subjetividade. Apaixona aqueles que conseguem sentir sua
sensibilidade e o leve toque retratado nos mais simples dos detalhes.
O sábio e experiente Alfredo utiliza-se dos filmes e de suas
histórias para fazer do menino Totó um ser humano melhor. Ensina não só os
saberes necessários para uma vida com qualidade, ensina também a importância do
sonho, a importância de acreditar e a necessidade de lutar para que se tornem
realidade. Alfredo percebe a paixão e vida estampadas no brilho dos olhos do
pequeno menino e mesmo depois de ficar cego, Alfredo continua o instruindo e
ensinando o fascínio da vida.
Na verdade, Alfredo é um professor na acepção mais completa
do termo. Essa é a função do verdadeiro educador e das instituições de ensino:
descobrir e despertar potenciais.
As salas de aula podem ser tão atraentes quanto as telas de
cinema. Até porque é por meio delas que começamos a aprender mais sobre nós
mesmos e sobre os que estão à nossa volta.
Nas salas de aula aprendemos com a riqueza da literatura,
com o segredo dos números, com as palavras e onde mais se iniciam relações
interpessoais marcantes e marcadas por toda a vida? É lá que os melhores
professores nos orientam sobre o quanto podemos ser detentores de nosso
destino.
São momentos dedicados ao crescimento intelectual, social e
moral dos indivíduos. Alfredo também educa por meio de suas histórias de vida,
às vezes, até mais fascinantes do que as projetadas na tela do cinema. Os
melhores professores podem “apaixonar” seus alunos para a beleza da vida e para
as diversas maneiras de torná-la melhor a cada dia. Uma escola perfeita é
aquela capaz de deixar nossos aprendizes como o pequeno Totó: repletos de
entusiasmo, energia e autoconfiança.
“Cinema Paradiso” nos proporciona reflexões e nos permite
acreditar que apostar em nossos sonhos e paixões pode dar grandes lucros.
Atualmente, há muitos jovens que abraçam formações e profissões que podem lhes
garantir melhores salários, maior prestígio ou mais conforto em suas vidas
materiais.
Isso até pode acontecer, porém em alguns casos essas pessoas
constituem carreiras como o Direito, a Medicina, a Engenharia ou a Odontologia,
que são as profissões mais procuradas e disputadas, não por serem estimulantes
ou atraentes para os estudantes, são escolhidas em virtude de fatores como
dinheiro ou colocação social. Acontece que, passados alguns anos, temos alguns
casos de profissionais eficientes, capazes e até de sucesso, mas frustrados e
infelizes com vida que levam.
Com o passar do tempo, Totó adquire a maioridade e um
rompimento se faz necessário. O que poderia parecer o fim de um sonho acaba
concretizando um casamento definitivo entre o garoto, adolescente e agora jovem
Totó com o cinema. Ele se torna um realizador, um produtor, um cineasta de
sucesso.
De admirador das imagens em preto e branco que fascinaram
sua infância e sua adolescência, de colecionador de fotogramas censurados pelo
padre, de projecionista do Paradiso em sua cidade de origem, Salvatore acabou
se tornando um produtor de sonhos. Suas imagens passam, a partir de então, a
encantar milhares de pessoas em seu próprio país e fora dele.
Totó não se contentou em apenas sonhar, tornou-se também um
construtor de sonhos.
Texto e imagem reproduzidos do site: radioboanova.com.br/artigos/cinema
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