sábado, 14 de janeiro de 2017

Cinema Paradiso e a Educação

Cena do filme Cinema Paradiso.
Foto ilustrativa: www.espalhafactos.com

Enviado em 3 de julho de 2014 | No programa: Tempo de Vida.
Escrito por William Sanches | Publicado por Rádio Boa Nova

Cinema Paradiso e a Educação.

O filme “Cinema Paradiso” começa com o menino Totó, numa Itália abalada pela guerra – o próprio personagem principal sofreu um revés irreparável, seu pai foi enviado para os campos de batalha e não voltou. Órfão de pai, vivendo apenas sob a tutela da mãe, Totó tem uma grande paixão: o cinema.

Totó é um amante da sétima arte e como todas as pessoas apaixonadas e envolvidas em situações como essa, arrisca-se diversas vezes para que esse amor seja vivido com intensidade, com realidade e não mede esforços para conseguir o que deseja.

Em determinadas situações, utiliza o dinheiro que a mãe lhe dá para comprar mantimentos realizando seus sonhos, encontrando-se com seu ardente desejo, indo ao cinema, vendo os filmes… Nos anos que antecederam a chegada da televisão, logo depois do final da Segunda Guerra Mundial, Alfredo (Philippe Noiret), é o único projecionista da cidade, apaixonado pela que faz: Alfredo cuida do cinema como cuida da própria respiração. O cinema é a única forma de entretenimento da cidade.

Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança, quando agora Salvatore (o pequeno Totó) cresceu e se tornou um cineasta de sucesso, que se recorda da sua infância quando recebe a notícia de que Alfredo havia falecido.

No clássico “Cinema Paradiso”, de 1989, o diretor e roteirista italiano Giuseppe Tornatore transforma o pequeno e sensível protagonista Totó em uma forma de inspiração e reflexão sobre o próprio cinema. A obra é metalingüística, ou seja, o próprio cinema contando sua própria história, é como se fosse uma autobiografia.

A mágica do filme está na paixão de Totó pelo cinema e sua perseverança em aprender e conhecer o ofício de projecionista. Totó acaba descobrindo o mundo por meio de uma escola diferente, uma escola que não possui quadro negro justamente porque o substitui pelas imagens, sons e pelas emoções e sentimentos traduzidos pelas belas projeções comandadas pelo Alfredo que é uma espécie de professor, pai e amigo de Totó.

Cinema.

O cinema e a arte em geral educam justamente porque encantam com sua beleza, cor e subjetividade. Apaixona aqueles que conseguem sentir sua sensibilidade e o leve toque retratado nos mais simples dos detalhes.

O sábio e experiente Alfredo utiliza-se dos filmes e de suas histórias para fazer do menino Totó um ser humano melhor. Ensina não só os saberes necessários para uma vida com qualidade, ensina também a importância do sonho, a importância de acreditar e a necessidade de lutar para que se tornem realidade. Alfredo percebe a paixão e vida estampadas no brilho dos olhos do pequeno menino e mesmo depois de ficar cego, Alfredo continua o instruindo e ensinando o fascínio da vida.

Na verdade, Alfredo é um professor na acepção mais completa do termo. Essa é a função do verdadeiro educador e das instituições de ensino: descobrir e despertar potenciais.

As salas de aula podem ser tão atraentes quanto as telas de cinema. Até porque é por meio delas que começamos a aprender mais sobre nós mesmos e sobre os que estão à nossa volta.

Nas salas de aula aprendemos com a riqueza da literatura, com o segredo dos números, com as palavras e onde mais se iniciam relações interpessoais marcantes e marcadas por toda a vida? É lá que os melhores professores nos orientam sobre o quanto podemos ser detentores de nosso destino.

São momentos dedicados ao crescimento intelectual, social e moral dos indivíduos. Alfredo também educa por meio de suas histórias de vida, às vezes, até mais fascinantes do que as projetadas na tela do cinema. Os melhores professores podem “apaixonar” seus alunos para a beleza da vida e para as diversas maneiras de torná-la melhor a cada dia. Uma escola perfeita é aquela capaz de deixar nossos aprendizes como o pequeno Totó: repletos de entusiasmo, energia e autoconfiança.

“Cinema Paradiso” nos proporciona reflexões e nos permite acreditar que apostar em nossos sonhos e paixões pode dar grandes lucros. Atualmente, há muitos jovens que abraçam formações e profissões que podem lhes garantir melhores salários, maior prestígio ou mais conforto em suas vidas materiais.

Isso até pode acontecer, porém em alguns casos essas pessoas constituem carreiras como o Direito, a Medicina, a Engenharia ou a Odontologia, que são as profissões mais procuradas e disputadas, não por serem estimulantes ou atraentes para os estudantes, são escolhidas em virtude de fatores como dinheiro ou colocação social. Acontece que, passados alguns anos, temos alguns casos de profissionais eficientes, capazes e até de sucesso, mas frustrados e infelizes com vida que levam.

Com o passar do tempo, Totó adquire a maioridade e um rompimento se faz necessário. O que poderia parecer o fim de um sonho acaba concretizando um casamento definitivo entre o garoto, adolescente e agora jovem Totó com o cinema. Ele se torna um realizador, um produtor, um cineasta de sucesso.

De admirador das imagens em preto e branco que fascinaram sua infância e sua adolescência, de colecionador de fotogramas censurados pelo padre, de projecionista do Paradiso em sua cidade de origem, Salvatore acabou se tornando um produtor de sonhos. Suas imagens passam, a partir de então, a encantar milhares de pessoas em seu próprio país e fora dele.

Totó não se contentou em apenas sonhar, tornou-se também um construtor de sonhos.

Texto e imagem reproduzidos do site: radioboanova.com.br/artigos/cinema

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