Antônio Moya aguarda ansioso a chegada dos rolos de filmes para o
Cine Teatro Pe. José Zanelli: "Abro o pacote com a
mesma alegria de uma criança que acabou de ganhar um presente"
Publicado originalmente no site do jornal Folha de Londrina, em 02/11/2014.
O fim das películas cinematográficas
Distribuidores impõem prazo até 2016 para exibidores
migrarem para o sistema de projeção digital
Há 27 anos Antônio Moya aguarda ansioso a chegada dos rolos
de películas cinematográficas que serão utilizadas nas sessões do Cine Teatro
Pe. José Zanelli, de Ibiporã, onde trabalha como coordenador de cinema. O
ritual que se repete desde 1998 ainda é acompanhado com emoção pelo cinéfilo.
"Os filmes são despachados de São Paulo pelas distribuidoras e entregues
por uma transportadora em caixas que chegam a pesar 30 quilos. Abro o pacote
com a mesma alegria de uma criança que acabou de ganhar um presente",
confessa.
Servidor público da prefeitura, que administra a sala de
cinema, Moya conta que demora cerca de uma hora e meia para montar os rolos de
filmes que serão exibidos. "Existem filmes que são divididos em três
partes, que precisam ser montadas para que a exibição seja ininterrupta. É um
processo extremamente prazeroso para mim", relata.
Mas esse processo está com os dias contados. A previsão é de
que até 2016 todas as salas de cinema do País utilizem tecnologia digital 100%.
Melhora na qualidade de imagem das produções, exibição de lançamentos em um
número maior de telas e facilidades na logística de distribuição são apontados
por especialistas como os principais benefícios da modernização do sistema.
A redução de custos no processo de geração das cópias é
outro fator levado em conta pelas distribuidoras. "Enquanto uma cópia em
película custa cerca de dois mil dólares, a cópia digital sai por 200 dólares.
Isso porque a película exige rolos de filmes cinematográficos, enquanto que no
novo sistema o filme é distribuído em HDs (hard discs) comuns. Essa diminuição
nos gastos permite que as distribuidoras coloquem mais cópias rodando pelo País
e os lançamentos cheguem mais rapidamente ao mercado e simultaneamente em um
número maior de salas", explica José Augusto Napolitano Dias, que há 45
anos trabalha como técnico cinematográfico.
Segundo ele, os filmes distribuídos no processo digital
também não sofrem desgastes, como acontece com as películas. "A cada nova
exibição os rolos de películas vão naturalmente se desgastando e esse processo
acaba comprometendo a qualidade das imagens. No sistema digital isso não
ocorre, garantindo que as imagens conservem as mesmas característica
independentemente do número de exibições", compara.
Mas, apesar das vantagens do sistema digital, Dias acredita
que as produções em película de 35mm ainda devam permanecer no mercado por
alguns anos. "As empresas produtoras e distribuidoras de filmes já haviam
delimitado o prazo para extinção das cópias em película para 2014. Agora
mudaram para 2016. Acredito que esse prazo deve ser estendido mais uma vez
devido ao alto custo para os exibidores realizarem a migração do sistema, que
gira entre 250 mil dólares e pode ter um acréscimo de 50% no caso de
equipamentos com projeção em 3D", analisa.
Texto e imagem reproduzidos do site: folhadelondrina.com.br
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