terça-feira, 12 de junho de 2018

Do corte à projeção

Películas de 16mm e 35mm são a grande relíquia do local. 
"Pra um filme, é preciso quatro rolos", explica Seu Vavá

Publicado originalmente no site do jornal O Povo, em 29/01/2018

Do corte à projeção

Sempre ligado ao cinema, sua paixão, Seu Vavá não só aprendeu a mexer com a técnica — é ele quem corta os filmes, projeta, etc. — como também saiu do Estado para montar cinemas de bairro por algumas cidades do Brasil. “Já estava com 24 anos, ainda era solteiro (só casei em 1955). Como eu já tinha conhecimento de eletrônica, pagaram outro curso pra mim”, relembra.

Quando terminou todos os estudos, já tinha conhecimento de rádio, cinema e televisão. “Aí fui pra São Paulo. Quando o Cinema Familiar (outro local onde ele trabalhou) fechou, comecei a receber convite pra fazer montagem de cinema em Belém, Castanhal (PA), Santarém (PA), Imperatriz (MA), etc”.

É clara também sua lembrança dos tempos difíceis pelos quais o cinema passou no Brasil daquela época. “Trabalhei direto de 1970 a 1973. Aí veio exatamente a crise e, como não tinha como escapar, o meu cinema fechou também. Aí no prédio, colocaram então uma oficina mecânica”.

"Esses shoppings de hoje em dia têm umas televisões grandes!"
Raimundo Carneiro de Araújo (Seu Vavá) Proprietário do Cine Nazaré

Antes do Cine Nazaré, Seu Vavá se aventurou por outras profissões. “Já trabalhei com moldura de quadro, daqueles (em formato) oval que hoje em dia nem tem mais, trabalhei com conserto de fechadura, móveis”. Mas seu negócio era conseguir um emprego no cinema. “Até que um dia, um padre me convidou pra fazer a limpeza do Cine Familiar (bairro Otávio Bonfim)...”

Depois veio o Cine Nazaré. Fechado por conta da crise, Seu Vavá conseguiu reativá-lo. “Até então, eu continuava pagando o aluguel do prédio. Tive muita dificuldade pra conseguir ele, tive que fazer as maiores estripulias. A luta foi grande, mas eu consegui vencer. Ele é de minha propriedade”.

E essa paixão, Seu Vavá, seguiu para os filhos? “Ave Maria, eles não querem nem saber! Eu até entendo o porquê: eu os colocava, ainda crianças, pra trabalharem comigo...”.

A memória do cinema permanece, até segunda ordem, com seu único guardião.

Texto e imagem reproduzidos do site: opovo.com.br

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